Há
exatos momentos na vida em que o repensar de decisões faz-se necessário. Isso
porque, antes de qualquer outra opção, é preciso exercer a arte da reciclagem.
Quando
dito reciclagem, é notório o referimento à reciclagem mental, e não somente
àquela feita sob produtos e bens duráveis e/ou inservíveis. É necessário
adaptar-se ao girar dos ponteiros do relógio, ao “cair e ascender” da roda d’água,
da roda da vida.
E
então, através do ato de reciclagem, vamos revendo posições, nomenclaturas e
indivíduos com os quais dispomo-nos e também indispomo-nos, dia a dia.
Contudo,
não são todos os dias em que possuímos a paciência divina a esse tipo de
análise interna e humana. Há dias em que a alma quer mais é ficar ao léu, ao “Deus
que ajude” e acabar adormecendo, de tanto não pensar em nada.
Então,
vamos adiando e adiando as tais reorganizações mentais e, quando vemos, já
perdemos grande parte do querer e do poder reorganizar os pensamentos. Quando
vemos, já estamos à mercê alheia, tão alienados de nossa própria consciência.
Acabamos
nos distanciando dos nossos quereres mais íntimos, e vamos “tocando o barco”
como quem rema, rema, mas não sai do lugar; justamente por girar as velas a
todo instante, numa indecisão sem fim de rumos e endereços de pousada.
E
assim vamos seguindo. Até que, certo dia, um “boom” nos explodem os pensares, e
o estopim da inquietude nos faz acordar para tudo o que, até então, não nos
fazia a menor diferença.
Acordados,
queremos recuperar o tempo perdido, deixado de lado e “empurrado com a barriga”.
E isso é praticamente impossível. Como dizia Cazuza, em sua majestosa
sabedoria, “o tempo não para!”. E talvez por não parar, estejamos sempre
tentando nos reinventar, reenfeitar com laços diferentes e lantejoulas mais
brilhantes. Fazemos isso e acabamos nos
esquecendo de que nada adianta adereçar-se pelo lado externo, quando o interno
segue às moscas e traças, de tão abandonado em prol de outrem que nem sempre
merece tanta intenção.
Chega
um dia em que buscamos nos reorganizar. E lhe garanto, esse dia vem a todos.
Mais cedo ou mais tarde. Não importa. O que importa é que você se mexa antes
que o tarde seja tarde demais. Antes que o estopim acabe se apagando, seja
porque foi molhado propositalmente, seja porque queimou-se por completo, não
resultando em nada além de fumaça e algumas faíscas, que não fizeram a
diferença necessária para que o “boom” ativasse a caixa craniana e,
consequentemente, a massa encefálica humana, ao ponto de fazê-la funcionar
corretamente; com o intuito de deixar de ser o homem esse ser ignorante e
soberbo, que mal sabe assinar o nome e se vê no direito de ecoar ao vento que é
superior, que possui racionalidade.
Pobre
criatura que ainda engatinha na evolução
das galáxias...
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