Olhando
para fotos antigas, me pego pensando na importância da velhice para o discernimento
humano.
Penso. Penso.
E pode-se dizer que, hoje, o que mais se vê por aí são velhos que não assumem
sua velhice humana. As pessoas estão querendo quase que fugir do espelho, só
por medo de se deparar com as rugas e cabelos brancos.
Infelizmente os
valores que aprendi quando ainda era criança estão sendo esquecidos, em troco
de fórmulas químicas que levantem desde as pálpebras até o pênis. Vê-se adultos
querendo levantar tudo à base do bisturi, das injeções e/ou das fórmulas
mágicas que aparecem todo dia no mercado comercial.
Mas, o que
pouco se vê nos meios de comunicação é a importância da velhice para o homem,
enquanto ser. Pouco se fala que, quando se é velho, muito se sabe e pode-se passar adiante. Ou melhor,
fala-se pouco demais.
Se pararmos
para olhar nossos velhos com mais afinco, o que veremos são senhores “saradões”,
mas que mal sabem para que serve um cumprimento matinal. E também senhoras “boazudas”,
com cabelos chapados e unhas com glitteres, mas sem um pingo de noção do
ridículo.
Aos poucos, os
valores vão se perdendo. Ir à casa dos avós para comer bolinho de chuva e
brincar de bolinha de gude se tornou algo tão arcaico que, se mencionarmos a
infância vivida, certamente nos verão com olhares de espanto e deboche.
Os papéis se
inverteram. E hoje os netos querem ser “gente grande”, e os avós os “garotões”
e as “cachorras” das baladas de funk ou arrocha.
Entretanto, há
algo muito além dessa inversão. Muito aquém dos valores éticos e desenvolvidos
para a questão em si.
Quando não se
aceita a idade que tem, pouco se assume perante si próprio. Acaba por se tornar
ser ridículo, nem que seja diante ao espelho da bruxa malvada. Chega uma hora
em que ela, a voz do espelho, nos gargalha na cara e ecoa sonoramente um “você
não se enxerga baby?”.
E então, a ficha
cai. Porém, cai tarde demais para poder reparar as babaquices feitas. Tarde demais
para se acertar consigo mesmo.
Aí a pele
enflacida, os músculos vão-se embora... E o que sobra são cabelos brancos
e a púbis tão lisa quanto na infância; o
que nos faz pensar e repensar se tudo valeu a pena, se cada besteira feita em
prol da juventude foi de alguma serventia.
Certamente, o
espelho lhe dirá que não. Que, se tivesse aceitado seus anos de idade como anos
de sabedoria, talvez as rugas não torturassem tanto... E os cabelos nem tão
brancos estivessem.
Portanto, pare
de se ver diferente do que é na realidade. A vida nos mostra o caminho à
evolução. Mas, infeliz ou felizmente, cabe a cada um ver se vai adiante e
cresce, ou se fica parado numa sala de musculação, numa balada ou mesmo numa
drogaria, à espera do milagre da juventude eterna...
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