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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 25 de maio de 2014

Cena



Seduz-me com sua falta de pudor.
E some, feito gato no telhado.
Espero no parapeito da varanda seu melhor ronronar.
E você chega, pela porta dos fundos.
Não toca a campainha para não levantar alarde.
Mas, vem com sede de saciar seu desejo insano.
Ronrona baixinho, e eu ouço.
Já estou pronta para que me prenda.
De roupão aveludado preto, com coque semi preso úmido,
E duas gotas de Glamour...
Por baixo, o arrepio da pele.
É frio, lá fora.
E aqui, ardo em excitação.
Com pele lisinha a acariciar,
Roça seu rosto em minha face.
Quase posso sentir seu sangue correndo debaixo da pele!
Os pelos, ouriçados, pedem que eu os umedeça com suor ou saliva.
E eu, magicamente, começo a umedecê-los.
Salivo todos os beijos possíveis,
Nos cantos mais improváveis.
E faço-lhe suar todas as gotas de tesão que possui.
Excito-lhe ferozmente e fujo, para debaixo do chuveiro.
A água quentinha é convite para o sexo.
Na parede gelada, ergue meu corpo junto à sua força.
E quase me faz perde o fôlego.
À medida que a água cai em minha cabeça, penetra-me!
Não perde a oportunidade de mostrar o quanto domina!
E domina muito bem, por sinal!
Não deixa brecha para que eu reclame.
E eu, quietinha, apenas sussurro o quanto quero que repita a dose.
E mesmo sendo eu sua escrava, realiza meu desejo.
Confunde meu juízo.
Faz com que eu perca a noção do tempo e do espaço.
Excita, tortura e penetra.
Puxa, repuxa e ensandece.
Sussurra, urra e me aperta ao ponto de satisfação total,
Fazendo-me escorregar pelos azulejos florais antigos do banheiro.
Escorrego já toda entregue, extasiada.
Mas, não se contenta.
Arranca-me do chuveiro e joga-me de costas na cama, com o corpo ainda molhado.
Então, me viro e jogo-lhe em meus travesseiros.
É chegada a hora de mostrar que também sei dominar.
E, suave, deslizo meu corpo junto ao seu.
Sugo cada excitação com lábios fartos e molhados.
Subo em seu quadril, encaixo-me nele e cavalgo, lentamente.
Aos poucos, o ouriçar da pele aumenta.
E aumentam também as frequências cardíaca e sanguínea.
Posso ouvir quando me pede para que eu exploda junto com você.
Porém, sou malvada.
Retiro minhas pernas quando ao cume da sua satisfação.
Então, toda excitada, deixo com que me explore, parte a parte.
Sei que minha melhor safadeza é aquela
Em que se encaixa comigo, quadril a quadril.
É nela em que urra seu tesão todo guardado.
É em mim em quem explode sua total falta de pudor.
É a mim a quem dedica suas melhores e mais mirabolantes estripulias sexuais.
E confesso que sentir dentro de mim cada explosão é fenomenal.
Você é feiticeiro.
E eu, sua presa mágica.
É extraordinário.
E eu, sua ordinária figura.
É audacioso.
E eu, seu ambicioso brinquedo.
Gosto de ouvir o girar da chave da porta do fundo.
É sinal de que a noite será inesquecível!
E melhor de tudo é ouvi-lo dizer
O quanto isso tudo lhe fascina...
Uma fascinação descomposta.
Uma descompostura audaciosamente deliciosa.
Regada ou não a bombons e vinhos...

sábado, 24 de maio de 2014

Incendiária



Quero beijar sua boca!
Estou aqui!
Venha logo!
Quero saciar o meu sexo!
E há de ser você, hoje à noite...
No beco da rua, toda nua, nua e crua.
Com sereno da madrugada a gelar os quadris.
Erga-me e me encaixe...
Derrame seu néctar em meus desejos mais perversos.
Estou malvada!
Sou daquelas que pouco sabe que o céu existe!
Sou do rock and roll, da saia agarrada...
E do tesão na ponta dos pelos.
Quero sua boca em mim!
Em qualquer parte que lhe caiba.
E sei que caibo entre seus dentes.
Morda-me!
Sou a carne das melhores.
Sou especial.
E você sabe do que falo!
Mordisque-me, belisque-me!
Adoro sua falta de vergonha!
E por falar em vergonha, saiba você
Que ela não me pertence!
Espero-te no escuro da noite,
No dobrar da esquina...
Venha!
E lhe devoro!
Com todas as armadilhas que carrego.
Com todo o tesão que possuo!
Simples assim!
Nua, crua e altamente incendiária!


Garota da Rua



Com segredo de estado na ponta do cigarro, aceso,
Posso me render aos seus encantos.
Deixe uns trocos em meu colo,
E lhe mostro do que sou capaz.
Sou audaz, feroz, felina...
Doce menina com bala de leite a adoçar o linguajar
Garota da rua, toda nua, toda sua...
A engordar a conta bancária.
Sou madona, melindrosa, dona da situação.
Com pinta no canto da boca,
Com pênis, num canto qualquer.
Sou do mundo, sou dos homens, das entranhas...
No doce desejo de me fazer mulher maior!
Venha logo.
Venha sem medo.
Eu te sacio!
Ponha as notas, esticadas, em meu criado-mudo.
E lhe mostro que, mesmo mudo,
Há de morrer em meio ao meu gozo.
Para voltar depois, numa oportunidade nova.
E com outras moedas compra meu silêncio, minha prosa...
Minha prostituição!
Garota da rua.
Com gosto de tabaco mascado,
Sou daquelas que estão sempre à disposição.
Basta apenas que reluzam suas moedas de ouro
Ou seus dentes cravejados de brilhante!


domingo, 18 de maio de 2014

Mais perto!...



Ah! Se estivesse aqui, tão mais perto!...
Dentro da boca, na língua, salivando...
Dentro do peito, despido, sem jeito, daquele jeito!...
Ah! Se estivesse por perto, menos distante,
Talvez lhe raptasse umas horas!
Um sequestro relâmpago todo cheio de malícia.
Com carícia e encantamento,
Safadeza e delicadeza na ponta dos dedos.
Assim, sem pressa.
Porque quem tem pressa é gente.
E na cama, sou bicho.
Gosto de cheirar bem devagar.
Lamber a pele, ouriçar as sensações.
Aquelas anteninhas todas escondidas debaixo da camisa branca.
E por falar em vestir-se bem, saiba você
Que não há nada mais sensual do que camisa branca.
De alfaiataria, toda alinhada.
No colarinho, uma gravata ou um broche.
Depende de quem a veste.
Posso ser eu, pode ser você!
E também de quem a despe...
Devagar, para impregnar o perfume.
Numa rapidez tamanha, tamanha a ferocidade da causa.
Gosto de causar arrepios.
Gosto de dedos me buscando.
De lábios em minha nuca, sussurrando.
De aproximações mais vorazes.
De apertamentos mais audazes.
E de licores docinhos na taça, para bebericar.
Suave como o vento, debaixo dos lençóis sou outra.
Sou a que te perturba e ereta.
A que lhe faz perder o juízo e morrer em meio ao êxtase.
A que foge, para ser procurada.
A que se deixa jogar, de quatro, na cama macia.
Mas, lembre-se bem, meu bem:
Não sou em hipótese alguma a que saltita no muro.
Uma boa cama macia e perfumada é quesito primordial.
É isso, ou nada feito!
E de feitos, posso dizer que estou bem, obrigada!
Basta apenas que apareça, vez ou outra.
Com o intuito de bebericar minha saliva em meio ao seu sabor.
Sou docinha, por dentro e por fora.
E agora, cadê você, hein?
Só demora, Deus!
Assim, eu morro solitária, debaixo do cobertor
Nessa manhã gelada de segunda-feira...

Moeda de Troca



Você já parou para pensar, na sua humilde existência, até que ponto seu reluzir atrai verdadeiramente outras luzes?
Sinceramente, creio que não. Mas, deveria. Deveria começar desde já a prestar mais atenção sobre se realmente sua iluminação não é tão somente usada como farol alheio.
Deveria fazê-lo por N motivos. A princípio, para autorrefletir como andam lhe enxergando, fora de seu eixo orbital. Uma autorreflexão vez ou outra faz bem à saúde e à alma; faz com que nos vejamos com olhos menos complexos, mais abertos a outras visões.
Além da autoanálise, essa maior observação acerca das reais intenções que têm para conosco faz com que repensemos posições, prioridades e o que realmente vale a pena ter ao lado.
A gente precisa aprender a refinar nossas escolhas. Só assim deixaremos de ser o tapete onde as pessoas limpam os pés. Só assim aprenderemos a valorizar nosso próprio brilho, a aumentar o preço do nosso ouro, garantindo melhores pagamentos e melhores valorizações.
A gente precisa aprender a tomar o valor que temos como algo nosso, literalmente. Costumeiramente, deixamos que tomem nossas próprias rédeas e nos guiem. Deveríamos nos olhar frente ao espelho e inflar os pulmões; erguer os olhos. Deveríamos aprender a dizer não quando necessário e a erguer o tom de voz toda vez que a alma pedisse.
Mas, não. Calamo-nos e nos apiedamos com uma frequência absurda. Abaixamos a cabeça, dizendo “amém” quase que a todo o momento. E os motivos são vários. Todavia, o principal talvez seja a preocupação em não alardear conflitos.
Há quem, mesmo você não acreditando, seja avesso a situações desconfortáveis.  Quem prefira baixar os olhos e as orelhas, em prol da paz de espírito.
É pena que tal paz de espírito seja quase sempre confundida com bondade exagerada, quase vitimada. Então, os “espertinhos” puxam o tapete, bonito! E depois ainda riem na cara alheia, como se fossem os donos da situação.
Ou pior... Faz-se de santos, todos prestativos, quando muitos lhe comem.  Mostram os melhores sorrisos em troca de algo que lhes satisfaçam o ego mais perverso.
Não deveria, porém é assim que é. As pessoas cada vez mais usam e abusam de seu semelhante.
Então, somos nós quem tem que ficar espertos! Não para dar o troco na mesma moeda. Afinal, não somos moeda de troca de ninguém. Devemos sim é criar aquela coragem toda que vive amargada na garganta e mostrar que, caso haja troca, o troco é dado em moeda estrangeira, ou seja, noutro nível de recompensa.


domingo, 11 de maio de 2014

“Envelhessência”



     Em meio a tantas incógnitas humana da atualidade, talvez uma que mais me assole seja a “envelhessência” que as pessoas carregam dentro do peito.
     “Envelhessência”... Ou seja, o envelhecimento da essência humana. A falta de adubação quanto ao que faz a alma brotar suas melhores flores. A falta de manutenção quanto ao manejo, o cultivo, o tempo de espera pelas melhores épocas de plantio...
     As pessoas se esquecem de que a vida em sua essência é colheita. Deve-se saber semear cultura a cultura, ao seu tempo. Contudo, a aprendizagem também leva tempo. Como tudo o que fora posto em nossa homenagem. Somos partes de um todo e devemos cultivar boissimamente. Mas, como fazê-lo?
     Antes de qualquer outro quesito mais ou menos importante, é preciso ser humilde para perceber que a semeadura perfeita não é coisa de imediato; é necessária a troca de experiências benéficas e mal sucedidas para a construção de uma essência que valha a pena ter como exemplo.
     Feita a troca de aprendizagens, talvez a construção da essência humana seja mais fácil, não é mesmo?
Pois nem sempre é assim que acontece. Às vezes, a teimosia em ver a própria essência com olhos mais espichados do que verdadeiramente o deveriam, faz com que o processo de construção essencial torne-se mais complexo, um pouco.
     Então, tem gente que desiste, vira a casaca, larga de mão. E se empoleira na essência do outro como orquídea no tronco da árvore, sugando boa parte da seiva proteica de quem fica por baixo.
Mas, deveria ser o contrário. Ao invés de sugar, deveria oferecer parte de si, do que lhe sustenta as forças. Deveria compartilhar, ao invés de roubar descaradamente o que de melhor o outro possui.
Contudo, não é assim que é. Não é assim que a banda toca. Infelizmente, as pessoas preferem não se sustentar com as próprias forças; e definham o outro que lhe ampara só pelo prazer de ser parasita.
Eis que surge então o processo de “envelhessência”. De quem suga e de que é sugado. De quem oferta gratuita e solidariamente um pouco de si, e do que se aproveita do que é ofertado.
Há ofertas que são das melhores. Feitas sob os melhores cultivos e culturas. E há pragas também por toda a parte.
     Aos poucos, o que se vê são criaturas que definham, se se se apagam e seguem seus caminhos quase que sem aquele colorido do dia a dia. A vida perde a expectativa e o que ocorre é a tocada do barco pelo rumo das ondas. Onde der que dê.
     Infelizmente, é isso que se vê, nos dias de hoje. Pessoas que esquecem como buscarem a felicidade própria. E pessoas que não desejam a felicidade alheia. Pessoas que amam seu semelhante gratuita e verdadeiramente. E pessoas que preferem explicitar a falta de amor pelos que lhes cercam.
     E isso talvez só piore a carga energética da enorme esfera terrestre onde estamos de passagem. Passeamos por aqui, temporariamente. E deveríamos nos preocupar em melhor habitarmos esse nosso espaço. Deveríamos preparar melhoro solo, buscar as sementes geneticamente modificadas e a água mais límpida, a fim de regar o caminho... esperando bons frutos saídos do nosso próprio esforço. Frutos gerados da nossa própria energia do bem.
     Talvez assim a “envelhessência” humana da atualidade transformar-se-ía em florescência a enfeitar os jardins, a rejuvenescer as almas que tanto necessitam de um ponto de energia lumonosa a lhes tirarem o breu da cara...

Pintura





Sobre o divã de veludo arroxeado,
Coberta apenas pela metade do corpo,
A ruiva de cabelos curtos e cacheados se espreguiça.
Precisa permanecer assim, imóvel, mais algum tempo.
Toda despida e maquiada, é modelo amadora de seu amante.
Chama-se Aurélia.
Mas, quase sempre ele lhe chama de Lia.
Amadora nas poses do quadro que se forma.
Extremamente profissional nas poses que faz na cama, no divã...
Gosta de se exibir a Fernando.
E ele, mais do que nunca, ama sua exibição.
Casado com Eugênia, pai de Alberto...
Quase nem se recorda mais os tempos de casamento novo.
Enfeitiçou-se pela bela dama que frequentava sozinha, o bar da rua dezenove.
E foi justamente em dezenove de maio em que lhe enviou um bilhete.
Nele, o convite fora direto e malicioso.
E ela, que não era boba nem comprometida, o aceitara.
Nisso lá se vão quase três anos.
Três longos anos de um feitiço quase diabólico.
Apaixonou-se por ele ao primeiro beijo.
E desde então ele se tornou seu escravo.
Já se fez mucama, princesa e dama da noite.
Nunca se negou a executar o papel que ele quisesse.
E quis muitas personagens, também.
Ensaiou e executou suas performances com maestria.
Digna de aplausos e lambidas suaves ao pé do ouvido.
Sempre fora meio perversa.
Mas, não muito pervertida.
Escondia na gargantilha um pequeno tridente.
Todo cravejado por brilhantes chocolate.
O luxo, de certa forma, sempre fora um dos seus pecados.
Talvez o pecado capital que mais lhe fascinara.
E depois de conhecer Fernando e seus mimos...
Pôde aumentar sua coleção de pedras e metais reluzentes.
É dona de um olhar sedutor e de uma voz macia.
Talvez tenham sido esses seus primeiros atributos de enfeitiçar.
Hoje, com os pés ao alto, num salto vermelho como o batom, adora seu papel.
O de amante de luxo de um ricaço do interior.
Ele a olha, ela retribui.
Ele a devora, ela se deixa devorar.
Ele se sacia, ou só pela metade.
E ela, quase nunca se contenta com o que ganha.
Quer tudo em dobro.
Para matar em partes sua loucura!
Para continuar enfeitiçando e servindo de modelo.
Uma pintura a pinceladas longas e intermináveis.
Dadas conforme o mimo ofertado.
E retribuídas com o que tiver de melhor.
Porque a arte de se fazer personagem é dela.
E a de fazer estripulias mirabolantes é dos dois, ao menor encontro...

Desejo Mascado



Diz que ama sua esposa.
Mas é a mim a quem recorre em noites de excitação.
Chama-a de amor meu.
Porém, é para mim os melhores e mais pervertidos apelidos.
Talvez eu esteja em seu coração.
De maneira distinta.
Ocupando um pequenino espaço.
O da luxúria e do desejo.
O do carinho após a excitação.
O da safadeza envolta em chiclete de hortelã.
Talvez seja esse o meu lugar, por enquanto.
Por não me conhecer tanto assim.
Por crer ser ela a mulher dos seus sonhos.
E talvez esteja certo.
Talvez seja ela a lhe aturar em dias de mau-humor.
É melhor a curtição sem aquela cobrança toda.
Não nasci para lhe cobrar nada.
Nem espero que me cobre.
Sou da liberdade nos sonhos.
E eles, os sonhos, são somente meus.
Assim como meus desejos mais ardentes.
Divido-os com você, quando dá.
E quando não dá afogo debaixo do chuveiro.
Numa solidão premeditada.
Num querer e não querer, ao mesmo tempo.
Estou salvando seus trechos.
Para depois formular você só do meu jeito.
Ao meu deleite, de canudinho.
Para chupar bem devagar.
Sugar a saliva, a sensação mais arrepiante.
Fantasio à minha moda.
E modifico conforme posso.
E quando dá.
Dou toda a atenção necessária,
Em troca de uns momentos.
Sem muita pretensão.
Por não crer que haja algo a ser pretendido.
Não gosto de me preocupar com o amanhã.
Talvez ele nem chegue.
Então, preocupar-me seja inútil.
Diz que ama sua esposa.
Mas é a mim por quem suspira de lado na cama, enquanto explode seu desejo.
E no fundo a recíproca é verdadeira.
Verdadeira e altamente perturbadora.
Não lhe cobro nada.
Nem espero nada além de alguns minutos vagueando seu pensar.
Em direção ao que sei fazer para satisfazê-lo.
Em direção ao que faria, caso eu estivesse aí agora...

Quase Anjo...



Ela é pequenina, sapeca e gigante.
Tudo ao mesmo tempo.
É enorme, quase do tamanho do mundo.
Porque sua fé lhe faz ser assim.
Carrega no peito sonhos adormecidos.
Deixou-os adormecer com as pelejas da vida.
Mas carrega nos olhos aquele brilho de estar cumprindo sua missão.
Carrega todos no colo, na alma, debaixo das asas.
E também deixa-nos voar de asas bem abertas.
Para que aprendamos a voar sozinhos.
Afinal, sabe que a vida é passageira.
E que somos todos viajantes em busca de aprendizado.
Tem sorriso cativo, alma de dar inveja.
Contudo, tem tanta luz a ofertar...
Que a inveja também acaba sua fã.
Brinca, saltita e sorri feito criança.
Aquela criança grande, amadurecida pelas dificuldades.
Quando criança de verdade, pouco teve coisas a ostentar.
Na verdade, roupa de escola e roupa de missa.
Numa casa de chão batido e lamparina a querosene,
Viu sua infância se transformar em vida adulta, num piscar de olhos.
E a vida adulta, de início, também não foi fácil.
Mas, hoje é tudo lembrança.
Sabe que cada cabelo branco, cada ruga guarda um momento vivido.
É dona de uma paz contagiante.
Aprendeu a adquiri-la aos poucos.
E hoje não a troca por nada, absolutamente.
Menina doce com a alma sempre infanto-juvenil,
Ela é bamba, é samba, ballet e bossa-nova.
A gente ama ouvir a voz, por ela fazer bem aos ouvidos.
Por vezes aconselha, noutras puxa a orelha daquele jeito!
Sem dó em dizer a verdade.
A fim de mostrar a besteira que está sendo feita.
Todavia, não é sempre.
Não é daquela dos bolinhos de chuva, do bolo de cenoura.
Ama virar a madrugada entre alfinetes, agulhas e o som do rádio, baixinho...
Gosta de companhia.
Porém, sua solidão não lhe faz mal algum.
Aprendeu que nem sempre a solidão dói como falam.
É pequena, grande, suave e ácida.
Basta apenas que dosem sua flexibilidade.
Menina, mulher, mãe e esposa.
Vai para o céu sem escala, quando deixar o corpo físico.
Tomara que isso demore uns bocados de milênios.
Seu nome é dos menos conhecidos.
Então, chama-la por mãe se tornou algo doce...
Rendo-me aos seus encantos.
E versejo sua doçura.
Porque essa é uma das maneiras
De dizer aos quatro ventos do mundo
O quão especial é tê-la ao lado, sempre!...


sábado, 3 de maio de 2014

Estações



Já perdi as contas das vezes
Onde tentei ser mais forte do que verdadeiramente sou.
Foram inúmeras.
E todas onde eu pensei desmoronar a qualquer momento.
Feito noticiário de tragédia climática.
Não sou clima ou tragédia.
Mas sou feito as estações do tempo.
Por vezes, me aqueço, quase derreto, numa felicidade sem fim.
Por outras, contenho meus anseios em troca de novas folhagens;
Resguardo-me em meu clima mais ameno.
Há dias em que floreio, solto minhas pétalas a quem vier me acarinhar.
E, como toda estação mais gélida, eu também me isolo;
Hibernando-se em mim mesma.
Tempo de reclusa.
Tempo de euforia.
Tempo de contemplação.
Tempo de contentamento.
A vida é assim.
Feita de estações.
De meses em meses a nos descobrir.
Numa dialética que dura bem mais que os doze meses do ano.
Bem mais que os anos da vida.
As estações marcam mudanças.
E as mudanças marcam fases.
Somos feitos de fases.
Umas doidas, todas cheias de nove-hora.
Outras totalmente zens, numa calmaria de estranhar.
Somos beijo e tapa na cara.
Cara lavada e sujeira debaixo do tapete.
Tapete felpudo ou rede estendida, na varanda.
Somos pôr-do-sol e aurora boreal.
Nascer do dia e eclipse solar.
Somos estrelas e lua cheia, no céu.
Trovões e raios em meio ao breu da madrugada.
Um mar de lágrimas, em dias de mar agitado.
Um lago cheio de cisnes e pequenas folhinhas boiando, em dias de paz no coração.
Somos estações do ano.
Somos anos que entram e que saem da jogada.
Jogada em equipe.
Ou jogo de você com você mesmo.
Somos donos de nós mesmos.
E também inquilinos da própria alma.
Temos os quereres mais absurdos.
E também os mais bem quistos.
Flutuamos em meio às nuvens do meio-dia.
E mergulhamos nas profundas cavernas que vamos construindo pelo caminho.
Recuamo-nos, refletindo.
Expandimo-nos, anunciando boa-nova.
E vamos tocando em frente.
Porque o tempo é implacável e não nos deixa voltar.
Por mais que queiramos.
Ou evoluímos, ou estacionamos.
O retrocesso é impossível para o corpo.
Já quanto à alma...
Ah! Essa viaja entre as dimensões.
À procura de algo que talvez lhe faça falta, ainda.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Em meio à noite... Loucura!



Uma e meia da manhã.
Lá fora, o vento uiva sua fúria.
Aqui, dentro de mim, urro meu desejo mais selvagem.
Debaixo do cobertor me contorço, relembrando sua voz me percorrendo.
Como não recordar cada palavra posta sobre a pele?
O contorcionismo toma conta das entranhas.
À medida que anseio sua visita a minha cama.
Todavia, está longe demais do perfume que exalo.
Longe dos meus cabelos curtos e acastanhados.
Dos meus olhos meio verdes, meio amendoados.
Segue distante e aqui, debaixo do meu cobertor.
Quase posso sentir sua força, sua febre.
A querer fazer de mim seu bibelô.
Seu brinquedo do momento.
Sua diversão mais prazerosa.
E então, divirto-me por nós dois.
Num frenesi de movimentos manuais que quase me enlouquecem.
Quase nada, enlouquecem-me!
Perco-me em meio à maciez dos lençóis de algodão percal cento e oitenta fios.
No meio da minha própria maciez.
Sei cada cantinho a excitar.
Em troca de seiva de um prazer regado a saudades.
Ah! Se estivesse aqui!
Se adentrasse em minha mais louca excitação!...
Em especial em noite de frio a bater na janela.
Mas, não há a menor possibilidade de tele transporte.
O que resta é o idílio.
O profundo imaginar  de sensações, de posições e poderes.
Pode me renovar às energias,
Fazendo com que eu me perca em meio ao sexo.
Posso lhe fazer perder boas horas de uma noite mal dormida.
Podemos fazer parte um do outro, ou nem fazê-los.
Basta que a coragem em encurtar a distância esteja ao alcance.
Basta que a alcancemos com a ponta da língua, toda adocicada.
Num mexe-mexe quase que profissional,
Danço sobre suas coxas como que à procura do “mexer com fogo”...
Atiço, persisto e percorro com as mãos, com os lábios...
Até cair de boca no falo ouriçado pelo perigo.
Freneticamente, me toma e devora.
Especula e saracoteia a seu bel-prazer.
Faz com o céu chegue pertinho e alma vá tocá-lo e volte, em segundos.
Joga-me na cama, de costas, e me beija a boca.
Como forma de agradecer o amor recebido em êxtase.
Como forma de dizer que foi bom, que é sempre bom o entrelaço.
É sempre bom quando a noite é longa e ao seu lado.
Contudo, você não está aqui, para me esquentar.
De todas as formas possíveis.
Com todas as estripulias manuais, labiais e sexuais que tão bem sabe o caminho.
O frio lá fora uiva sua fúria.
E eu, depois de urrar seu/meu desejo em tê-lo em minha cama,
Adormeço feito criança.
Para sonhar os sonhos pervertidos.
Para adornar um pouco mais as pitadas de loucura que me causa.
É frio e aqui, debaixo do cobertor, adormeço.
Como vim ao mundo, nua e crua.
À espera que você ainda chegue, sorrateiro.
Será que você vem?
Eu aguardo ansiosa, devaneando e tateando suas peripécias...
Aguardo e sinto.
Sinto, aguardo e adormeço...

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Satisfação



Venho até aqui, no meio da noite, com um único intuito.
O de satisfação.
E a única forma de me satisfazer é usando e abusando de sua carne.
Assim, na lata.
Não posso lhe prometer nada além de momentos de diversão.
Sou das danças vibrantes, provocantes...
E se quiser posso dançar para você.
Sem muita coisa em troca.
Só a satisfação minha como moeda.
Satisfaça minha insaciedade
E eu lhe levarei ao delírio.
Tatearei cada centímetro...
Estimularei cada sensação.
E me jogue de costas, na cama macia e perfumada...
Eu saberei ser boazinha, na medida do meu querer.
Sou daquele gole de vinho gelado sentido na língua, levemente.
Com gostinho de bala de menta pinicando onde quer que minha língua passe.
Adoro lamber a pele, ouriçada.
Desde que tal pele venha perfumada e limpinha.
Um banho de espuma ou de chuveiro a dois...
É sempre boa pedida para um começo de aventura.
E depois do banho, a loucura!
Toda enfeitada com pensamentos pervertidos.
Daqueles de se espantar com tamanha falta de vergonha.
Sou da madrugada sempre acesa.
Da música tocando levemente na vitrola antiga.
Das velas a fazer o ar de mistério no ambiente.
Do beijo molhado, melado.
Da piscadela convidando...
Adoro um convite indecente!
Daqueles de virar a cabeça para baixo.
De ficar imaginando como será, o dia todo.
As horas passam devagar e a ansiedade infiltra.
E não é só ela que me pode infiltrar.
Aguardo sua infiltração mais insana.
Sua penetração mais luxuosa.
Sua capacidade em se superar, gozo após gozo.
Entrego a você algumas horas minhas.
Algumas das melhores, por sinal.
Mas, quero que me satisfaça.
Por completo.
Que me deixe estirada na cama, no divã todo erótico do canto do quarto...
E que ainda me dê aquele beijo depois do sexo.
Estalado, molhado e muito bem lembrado depois.
Venha me satisfazer.
Eu lhe retribuirei cada mimo, cada puxão de cabelo mais assim...
Venha me visitar, vez ou outra.
A porta estará aberta.
E a loucura sempre a postos!