um pouco mais sobre mim...

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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Poesia Perdeu a Pose!



A poesia perdeu a pose.
Deixou o clero e a realeza.
E com toda sua destreza
Desceu as altas escadarias
Subiu os morros
Indo fazer verso lá nas periferias.
Verso com rima,
Cantado ou não.
Verso sem rima,
Sensibilizado ou nu.
Perdeu o rubor dos tempos de repressão.
E como numa regressão interna,
Trouxe à tona o exteriorizar do mundo.
Deixou de ser vagabundo
Aquele que anda com papel e caneta em punho.
Deixou se fazer notada
Por toda a meninada das escolas.
Dos mais altos quartéis
Aos mais reles mortais.
É dita, bendita e mal dita.
Cabe apenas a melhor ocasião.
Veste chita, seda, cetim ou retalho.
Calça salto agulha ou sandália de dedo.
Tipo chinelo.
Para deixar bem à vontade.
Caminha com as próprias pernas
E com as pernas de quem trabalha o dia todo.
Caminha sorridente,
Pois sabe que está presente
Onde quer que a leiam.
É dona de si própria.
Sabe agradar quem quiser.
Desceu do salto.
Subiu no conceito.
E ganhou todo o respeito.
De uma dona toda formosa
Que com capricho nas entranhas
Mexe e remexe as pestanas
De quem a curte, a qualquer hora.
É aurora boreal, toda colorida.
Comprida ou mesmo em poucas estrofes.
São versos que mostram o agora.
Que chamam, sem demora,
Para acordar a humanidade.
A poesia perdeu a pose.
Deixou de ser da realeza.
E preencheu a pobreza.
Com toda sua graça.
E o melhor...
Sua leitura, toda encanto,
É de graça, acalanto.
Com laço a enfeitar
Ou fofoca a gargalhar.
Mas, não importa a situação
Lá está ela a estender a mão
Como forma de mostrar
O quão soberana sempre será!


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Culpa & Inocência



Num misto de querer e culpar-se,
A garota dos olhos negros
Confunde-se, com mais uma troca de olhares.
Caminha solitária pela rua.
Pedindo a Deus a melhor explanação para seu viver.
É rebelde, de tênis All Star cano alto
E vestidinho azul, quase céu.
Usa lacinho de cabelo para prender a juba.
E os pensamentos.
Não gosta de exposição.
Nenhum tipo dela.
Odeia a luz solar em excesso.
Por crer que o breu da noite é quase divino.
Pouco se espiritualiza.
Apenas uma “obrigada!” crê ser o suficiente.
Faz isso antes de dormir.
Nas raras noites de sono.
Já perdeu as contas das noites em claro.
Buscando respostas.
Desenhando situações.
É amante das artes.
Desenha como ninguém.
Com lápis de cor e grafite,
É dona de quase tudo.
Contudo, suas obras ficam só para ela.
Tem vergonha de expô-las.
Tem vergonha de mostrar-se ao mundo.
Já pensou em ser freira.
Mas, desistiu por rebeldia exacerbada.
Questionadora, quase enlouqueceu a mãe...
E, por bem, achou melhor viver à solidão.
Solitária por opção,
À procura de si mesma,
A menina de coque mal arrumado no alto da cabeça
Não sabe o que lhe espera, ao dobrar a esquina.
Já teve medo dos becos.
Contudo, hoje se distrai em meio a eles.
Ao contrário do que pensam, não é de todo casta.
Embora, já tenha gostado mais das estripulias sexuais.
Com tatuagens espalhadas pelo corpo,
Mais parece querer expor-se em códigos.
Incógnitas mal decifradas.
Ideogramas quase indecifráveis.
Vive em seu mundo.
Em meio a LP’s antigos e caixinhas de balas coloridas.
É mãe, é filha e esposa.
Mas, não se habituou a nenhum papel.
Quer mesmo é que o mundo termine em acordes,
Para tirá-los na guitarra de estimação.
Aprendeu a tocar quase menina.
Enquanto ainda era mocinha.
Hoje, toca bem menos.
E o “mocinha” é apenas recordação.
Tem memória de elefante.
E coração de gente pequenina.
Corpo de bailarina.
E sonhos do tamanho do universo.
Já cursou várias disciplinas.
Mas, graduou-se mesmo na arte de driblar-se.
Dribla as intempéries de si mesma,
À medida que o cigarro vai queimando.
Fuma feito doida.
Para aliviar a tensão.
Por prazer em fumar.
Sabe que é errado.
Mas, não sabe mais distinguir
Até onde vão seus acertos e seus erros.
É dona de beleza singular.
Com olhar de devorar e despir quem quiser.
Não sabe a que veio.
Nem para onde vai, depois da morte.
Sabe apenas que procura se encontrar.
Um dia.
Numa taça de conhaque.
Num copo de água com açúcar.
Ou sabe-se lá como!
Não esquenta tanto a cabeça,
Por saber que não vale a pena.
Vai vivendo como pode.
Sem poder parar o tempo.
Caminha de volta para casa, no meio da noite.
Esperando talvez o próximo ônibus.
Talvez a próxima encarnação.
Nas mãos, o terço ganho da mãe.
E a jaqueta jeans, surrada.
Na pele, o arrepiar do vento gélido.
Na alma... Todas as incertezas da vida!


Compreenda...



Por favor, compreenda.
É injustiça.
Não sou de satisfazer desejos.
Sou de ser satisfeita.
Sou do amor em todo canto.
Da casa toda aconchegada.
Da cama quentinha.
Da alma protegida.
Busco isso como lema.
Embora o gosto do eucalipto também seja bom.
Sou do doce de leite, e não da geleia de laranja.
Por isso, não posso me adentrar.
Não há porque arriscar.
Não há porque procurar.
É injustiça.
É falta de qualquer elo permanente.
E sou das permanências.
Sou do bolo com leite e Toddy.
Jamais da cerveja no balcão.
Talvez isso seja incomum.
Talvez, comum até demais.
Arcaico, antiquado.
Mas, sou das antiguidades.
Dos desejos mais sinceros.
Dos quereres ditos bem baixinho, ao menor sussurro.
Sou das juras.
De toda forma de jurar.
Desde que feito com o coração.
Ponho meu coração à frente de tudo.
E os outros à frente de minh’alma.
Busco não magoar.
Simplesmente por reciprocidade.
Sou das estrelas a iluminar a noite.
Detesto ter que tatear para reconhecer
Onde meus pés estão caminhando.
Adoro os sorrisos espontâneos, os abraços apertados...
Os perfumes deixados nas roupas.
Procuro.
Mas, quando vejo que sou procurada, também.
Quando menos espero, em especial.
Compreenda, por favor.
É disso que gosto.
É isso que me atrai.
Sou para ser cultivada, lentamente.
Não sou erva daninha,
Que brota em qualquer fenda.
Sou orquídea no alto da montanha,
A contemplar o nascer e o pôr do sol.
Posso ser diferente.
Posso ser desinteressante.
Porém, é assim.
Há momentos de fervor.
Mas, o aconchego da certeza
É sem dúvida mil vezes melhor
Que qualquer malícia da dúvida.

E de dúvidas, já basta minha existência!...

Verdadeiramente



Se um dia lhe chegar trazendo flores,
Aceite-as, por favor.
Não sou de presentear a quem
Não agrada meu coração.
E se lhe convidar a uma prosa,
Puxe a cadeira e sente-se.
O prazer de transmitir mais que palavras
É algo encantador para mim.
Posso ficar só ouvindo.
Posso balbuciar alguma resposta.
Posso tagarelar bem mais que a boca.
Porém, estar frente a frente a quem pede a alma...
É sem dúvida o cultivar dos sonhos.
E os sonhos... Ah! Os sonhos!...
São eles que nos tiram de nós mesmos,
Em dias de maré cheia, mar revolto.
Tiram-nos e nos devolvem, novos em folha.
Renovados na mesma existência.
Então, talvez eu sonhe com você.
Não sei.
Não posso prever o meu sonhar...
Talvez eu me preocupe com seus problemas
Tão mais do que com o meus.
E saia correndo, ao telefone,
Tentando buscar respostas para sua aflição.
Ou talvez eu permaneça inerte.
Com a mudez de uma porta velha,
Que nem ranger mais consegue.
E emudecido, prefira apenas observar.
Numa total preguiça de pensar.
Numa total covardia em ir à luta.
Se um dia lhe oferecer um copo d’água
Saiba que não será por educação.
Será pelo fato de me importar.
Verdadeiramente.
Afinal, embora eu saiba o que é educação que vem de berço,
Não obrigo meu coração a sê-lo educado
Com quem meu santo não bate.
Puxe a cadeira, sente-se, beba sua água.
Faça da melhor forma a contemplar a prosa.
Prosear é sempre bom.
Faz com que nos sintamos importantes, por algum momento.
E se depois se sentir à vontade,
Não hesite em ficar, um pouco mais.
Se um dia lhe perguntar como fora seu dia
Sinta-se em paz.
É apenas meu coração perguntando por você.
Verdadeiramente.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Espelho



Conheceu-me menina,
Quase uma criança.
Não mais do que uma dezena e meia de vida.
E adentrou em meus sorrisos com tamanha intensidade
Que ainda me recordo da meninice.
Espalhou em minh’alma pequenas estrelas,
Criando em mim um caminho purpurinado.
Mas, como toda purpurina ao vento,
Brilhou-me e nem se assentou.
Fez questão de levantar voo à primeira brisa.
E voar talvez seja bom.
A sensação de brisa leve batendo nos cabelos
Faz-nos querer estar no alto, todo instante.
De asas abertas ao mundo,
Tampouco deve ter sentido o passar dos anos.
Os anos foram passando...
E então pergunto eu:
Quem sou eu?
Quem é você?
Seríamos nós meras matérias orgânicas,
Recheados por sangue e conexões mentais?
Ou em meio a isso tudo
Talvez haja aquele sentir todo dentro d’alma?
Não há resposta para tal questão.
Tão somente existe a duplicidade numa mesma figura.
A menina que purpurinava,
Hoje quase nem brilho possui.
Restaram poucos glitteres colados às asas.
E o algodão felpudo do pijama
Hoje serve de pano para o deitar do cão.
Resistiu ao tempo e aos inúmeros vendavais.
Mas, retalhou-se em pedaços
Num patchwork todo infantil e inocente.
Aquela inocência toda de meninice
Deu lugar ao que se vê hoje.
Um olhar menos purpurinado.
Um par de asas escondido
E os lacinhos de enfeitar os cabelos
Esquecidos na cabeceira da cama.
Pendurados como quando aos doze, treze anos.
Nem eu lhe reconheço.
Nem você me reconhece.
Somos dois estranhos,
Quando postos frente a frente.
E é preciso mencionar que fugimos um do outro.
Por não mais haver paixão.
Por não mais haver interesse em olhar.
Por não mais haver olhares que valessem.
Fugimos como o diabo da cruz.
Até quando for preciso olhar de novo,
Tentando recordar a meninice.
E toda a carga de adolescência nela contida.
Conheceu-me menina.
Não mais que catorze, quinze anos cronológicos.
Contudo, o que viu foi um ser mais antigo,
Porém, menos usado.
O selo de qualidade e garantia d’alma ainda estava lá.
Não se descolou com o passar das vidas.
Veio embutido nas íris.
E refletiu no espelho que me olhou.
Fomos dois, talvez um dia.
Hoje, só sua lembrança.
E a certeza de que estou bem melhor, agora.
Afinal, aos poucos anos de vida
Pouco se sabe a respeito do que vale a pena.
E você, infância, passou tão longe
Que valeu menos do que um tostão furado.
Ficou na memória, ao descobrir-me gente.
Numa adolescência nem tão distante
E deu lugar a uma fase onde
Somente o que é bom permanece eterno.
E venhamos e convenhamos,
Recordar é viver.
Mas, reviver as infantilidades...
Ah! Tem horas em que só na imaginação.
Frente ao espelho d’alma.
Caso contrário, nem pensar!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Dizeres



Se um dia eu conseguir lhe dizer
Tudo o que me representa,
Pode ter certeza que estarei feliz.
Contudo, duvido de tal felicidade.
Duvido muito, se quer saber.
Duvido, pelo simples fato de duvidar.
Pelo simples ato de falta de coragem.
Covardia.
Não sou adepta assídua de tal defeito.
Entretanto, para tanto faço uso.
Uso-o com total quantidade.
Numa qualidade que não se deveria qualificar.
Uso dela como desculpa.
Como não culpar-me de um quê mal dito.
E por ensaiar tantos dizeres,
Vejo que no fundo, bem lá no fundo,
Não há encontro vocálico, consonantal ou dígrafo
Que se forme como argumentação.
Justo eu!
Que tanto sei argumentar ao meu favor...
Sinceramente, vejo-me voltando à idade pequenina.
Aquela, de menina, toda trabalhada na educação tradicional.
Onde pais eram seres superiores, quase deuses.
E os filhos, seus subalternos.
Para falar bem a verdade, subalterno não seria a palavra.
Seria apenas uma representação peculiar.
E de peculiaridade entendo bem.
Com tantas já vistas e vividas...
Posso me considerar uma quase mestra
Na arte de exclusividades.
Todavia, mesmo com toda argumentativa na ponta da língua,
Olho no espelho e vejo uma criança.
Encolhida debaixo das cobertas, com ou sem frio.
Tentando escapar do medo de falar-lhe.
De mencionar um vocábulo que seja fora do agrado.
A lembrança é perceptível.
Em especial nas datas todas especiais.
Que no final eram apenas datas.
E a especialidade ia passando...
Se um dia eu conseguir lhe abrir meu coração
Saiba que ficarei mais aliviada.
Por ter conseguido dizer, gesticular, emanar!
Porém, se minha covardia ainda me pesar,
Saiba apenas do meu amor.
Simples e sincero.
Pequenino, como a palma da mão.
Gigantesco, como a forma abstrata de demonstrá-lo.
E se não conseguir senti-lo aí, em seu peito...
Saiba também que o tempo me ensinou
A amar solitária e caladamente.
E essa tem sido minha melhor especialidade

Desde que a menina aprendeu a dar passos...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Casa Comigo?



Casa comigo, de novo?
Aceita minha alma como sua?
Aceita minhas qualidades,
A enfeitar seu dia?
E meus defeitos,
A lhe confundir o juízo?
Aceita meu sorriso, minhas lágrimas?
Minha felicidade, meus maus tempos?
Casa comigo, de novo?
Sem véu, nem grinalda.
Apenas eu e você.
Apenas com a pele e a alma.
Casa comigo, de novo?
Dorme comigo, agora?
Hoje, amanhã e sempre?
Fomos feitos um para o outro.
E não há quem diga o contrário.
Casa, desposa, perde o juízo!
Para que tanto juízo, quando em se tratando do amor?
Cultiva-me, rega-me, aduba-me!
Sou flor pequenina,
Quase invisível.
Preciso do seu cuidado para que floresça.
Casa comigo, de novo?
Encanta-me, encontra-me, e não me perde!
Não suportaria me perder de você.
Devora-me, decora-me, decifra minh’alma!
Sou livro aberto na página em que quiser.
Daqueles de capa colorida.
Casa comigo, agora?
Eu espero.
Ponho o melhor vestido e o salto,
De peito de pé aberto,
E relicário no pescoço.
Não precisa ir à igreja.
Não sou dessas coisas.
Sorria, e Deus abençoará.
Sem muitas frescuras, sem fissuras.
Apenas com amor a rechear os bem-casados.
Sem convite, sem convidados.
Apenas eu, você e a noite toda.
Casa comigo, de novo?
Enquanto me ama, na cama?
Eu confesso:
Casar com você sempre é bom!


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Palavrão!



Certa vez li numa tabuleta
Que perdoar era divino.
Mas, que mandar para o inferno era sensacional!
E no fundo, há verdade nisso tudo!
Somos bonzinhos, quase angelicais.
E literalmente tomamos na tarraqueta!
Sem direito a vaselina
Para aliviar um pouco a dor.
Deixamos que nos invadam e nos firam.
E, se duvidar, ainda agradecemos!
Coisa de gente boba,
Que não tem boca para nada!
Coisa de gente que precisa aprender
A dizer um não, vez ou outra.
Afinal, não seremos mais ou menos educados
Mandando uns ao inferno, algumas vezes.
Não seremos mais ou menos rebeldes
Deixando de mostrar os dentes
Quando o espírito não quer.
Talvez, demoremos um dia ou dois a mais
Na enorme fila do céu,
Esperando o aval de São Pedro.
Coisa normal, hoje em dia.
Com tantas filas disso e daquilo...
Uma escorregadinha na arte da boa educação...
E o resultado é uma alma mais leve!
Então, encha os pulmões
E ecoe, em alto e bom som:
“Vá dar uma voltinha no inferno!”
“Vá ver se o diabo precisa de alguém para lamber-lhe as botas!”
Lasque-se!
Com todas as lascas do mundo!
Garanto-lhe que funciona!
Espantam intrusos
E garante bons momentos de sossego.
E de paz interior
Não há como não reivindicar!
Mande ao quinto dos infernos!
E se ainda retrucarem,
Dizendo que você é mal educado,
Sorria e responda:
“Relaxe... Um dia nos encontramos por lá!”





domingo, 20 de outubro de 2013

Procura




Numa falta de juízo
Procura minhas sensações
Em dias de morrer d’alma.
Espera, ansiosamente, pelo melhor momento...
No meio da madrugada.
Ou num início de manhã.
Procura-me, desesperadamente.
E nem sempre me encontra.
Por não conseguir um encontro.
Por não haver uma forma para tal.
Então, morre solitariamente.
Solitária e nada silenciosamente.
Num desfalecer intrigante, instigante...
Onde as horas passam rápido demais.
O desejo se instala nos poros
E demora a passear, longe deles.
Procura a encarnação literal do arrepio.
Para preencher sua solidão.
É solitário em meio a tantos.
E nem sabe como explicar tantas coisas!
Procura não voltar no tempo,
Para não morrer de arrependimento.
Não gosta, mas recorda-se.
As escolhas geram consequências.
E nem sempre elas são coloridas.
Fecha os olhos, inalando os feromônios.
E transmite tudo, como mágica!
Deseja com as pontas dos dedos.
E enlouquece, debaixo do edredom.
Ao som de um blues, um jazz, um soul.
Ao som de qualquer coisa que lhe faça hipnotizar.
Hipnotiza-se por minutos,
Até sentir saciado seu desejo mais perverso.
Perverte-se, perturba-se...
Para depois se arrepender.
Mais uma vez.
Por um querer desenfreado.
Nos momentos mais inoportunos.
As oportunidades surgem.
E como criança ao colo da mãe, as agarra.
Prefere o agarrar-se sem compromisso.
Sem expectativas.
Simplesmente por ser mais fácil.
E menos questionador.
Não é adepto a questionamentos infantis.
Então, age conforme prefere.
E anda preferindo perverter-se solitariamente.
Apenas imaginando.
Em virtude de um cansaço.
Numa briga de gato e rato.
Não põe expectativas.
Prefere o agora.
É do lema “o agora é a hora!”.
E faz dessa bandeira sua manifestação.
Manifesta-se tão bem, se soubesse!
Com direito a sacudir o mastro
Em tempos de expressar-se silenciosamente.
Esquece o juízo.
Aprofunda-se no querer.
Estimula a falta de compostura.
Para, vez ou outra, fazer óbito e ressurreição...
Em questão de momentos.
É patrão e funcionário.
Superior e subordinado.
Assume o melhor papel
Para o instante a seguir.
Perde o juízo, em dias de morrer d’alma.
E faz com que esse morrer
Seja apenas e melhor forma de mostrar-se
Mais vivo do que nunca!

Criminosa



Com olhar de penetrar na alma...
Com perfume de penetrar na pele...
A mulher de cabelos curtos e avermelhados
Prepara-se para mais um crime.
É toda de enfeitiçar.
Com arma em punho
E colete à prova de sentimentos.
Dilacera corações.
Vampiriza vítimas.
Teatriza personagens.
Astuta, como sempre.
Sabe roubar o que quiser.
Inclusive a cena.
E não precisa de pouca vestimenta para isso.
Anda sempre com as melhores grifes.
Disfarça bem seu hobbie.
Criminaliza por gosto.
Por gostar do arriscado.
Arrisca-se entre sacadas e sexos.
Seja hétero ou homossexual.
Não tem preconceito de nada.
Nem de ninguém.
Eclética, adapta-se a tudo.
Sai quando o sol se põe.
E volta quase com ele no centro do céu.
Rodopia por entre quem a quiser.
Satisfaz desejos alheios.
E depois, os rouba.
Não a grana.
Mas, os pensares.
A grana vem de brinde.
Por seu exímio trabalho realizado.
É criminosa do sexo.
Com direito a listar os melhores arroubos.
Deixou de enrubescer à primeira mordida.
Quase se lembra da data.
Depois disso, nunca mais se avermelhou.
Avermelha os principiantes, com sua descompostura.
É amante da loucura.
E uma excelente aprendiz.
Faz-se de santa, caso queiram.
Ou de garota safada, se lhe derem liberdade.
Ama a liberdade.
Seja de expressão.
Seja de consciência.
Não se deixa prender em dogmas e paradigmas.
Por não crer que ninguém é melhor que ninguém.
Sabe arrancar os melhores momentos,
Em troca de uns trocos.
Aprendeu a cobrar por seus serviços.
Sim.
Considera cada “crime”, como diz
Um belo serviço prestado!
Nasceu no alto escalão.
E ainda se mantém na estirpe.
Embora todos saibam de seu divertimento.
Não se vê trabalhando.
Apenas se divertindo.
E diverte-se horrores!
Ama o que faz!
Criminosa.
Mira seu laser no lazer mais ousado.
Perturba até conseguir...
E depois, mata.
Verdadeira ou utopicamente.
Por prazer.
Por orgulho.
Por ser cruel.
E desprovida de sentimentos bons.
Coisas de menina que não vai para o céu...