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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Espelho



Conheceu-me menina,
Quase uma criança.
Não mais do que uma dezena e meia de vida.
E adentrou em meus sorrisos com tamanha intensidade
Que ainda me recordo da meninice.
Espalhou em minh’alma pequenas estrelas,
Criando em mim um caminho purpurinado.
Mas, como toda purpurina ao vento,
Brilhou-me e nem se assentou.
Fez questão de levantar voo à primeira brisa.
E voar talvez seja bom.
A sensação de brisa leve batendo nos cabelos
Faz-nos querer estar no alto, todo instante.
De asas abertas ao mundo,
Tampouco deve ter sentido o passar dos anos.
Os anos foram passando...
E então pergunto eu:
Quem sou eu?
Quem é você?
Seríamos nós meras matérias orgânicas,
Recheados por sangue e conexões mentais?
Ou em meio a isso tudo
Talvez haja aquele sentir todo dentro d’alma?
Não há resposta para tal questão.
Tão somente existe a duplicidade numa mesma figura.
A menina que purpurinava,
Hoje quase nem brilho possui.
Restaram poucos glitteres colados às asas.
E o algodão felpudo do pijama
Hoje serve de pano para o deitar do cão.
Resistiu ao tempo e aos inúmeros vendavais.
Mas, retalhou-se em pedaços
Num patchwork todo infantil e inocente.
Aquela inocência toda de meninice
Deu lugar ao que se vê hoje.
Um olhar menos purpurinado.
Um par de asas escondido
E os lacinhos de enfeitar os cabelos
Esquecidos na cabeceira da cama.
Pendurados como quando aos doze, treze anos.
Nem eu lhe reconheço.
Nem você me reconhece.
Somos dois estranhos,
Quando postos frente a frente.
E é preciso mencionar que fugimos um do outro.
Por não mais haver paixão.
Por não mais haver interesse em olhar.
Por não mais haver olhares que valessem.
Fugimos como o diabo da cruz.
Até quando for preciso olhar de novo,
Tentando recordar a meninice.
E toda a carga de adolescência nela contida.
Conheceu-me menina.
Não mais que catorze, quinze anos cronológicos.
Contudo, o que viu foi um ser mais antigo,
Porém, menos usado.
O selo de qualidade e garantia d’alma ainda estava lá.
Não se descolou com o passar das vidas.
Veio embutido nas íris.
E refletiu no espelho que me olhou.
Fomos dois, talvez um dia.
Hoje, só sua lembrança.
E a certeza de que estou bem melhor, agora.
Afinal, aos poucos anos de vida
Pouco se sabe a respeito do que vale a pena.
E você, infância, passou tão longe
Que valeu menos do que um tostão furado.
Ficou na memória, ao descobrir-me gente.
Numa adolescência nem tão distante
E deu lugar a uma fase onde
Somente o que é bom permanece eterno.
E venhamos e convenhamos,
Recordar é viver.
Mas, reviver as infantilidades...
Ah! Tem horas em que só na imaginação.
Frente ao espelho d’alma.
Caso contrário, nem pensar!

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