um pouco mais sobre mim...

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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Persistência



Não deveria existir, mas existe.
Nem perturbar, mas perturba.
Tira o sono, em noite de frio.
Avermelha a face, coisa instantânea.
Sinto-me ruborescida.
E, mesmo com todas as sensações, a vida segue.
Tento não lembrar seu sorriso.
Dentes alvos a me dizer delícias.
Mas, não.
Você insiste em atormentar.
E diz para mim, como recusar?
Por mais que fuja, escorregue,
Sei que a recíproca é verdadeira.
Que também fecha os olhos e arrepia.
Não deveria, mas o faz.
E sinto a tele cinese à distância.
Coisa de criança aos doze anos.
Tira meu eixo fora do lugar.
E como repor, depois?
Pensa que é fácil recompor a compostura?
Que é assim, algo depressa?
Saiba que não é!
Que não consigo disfarçar tão bem.
Bem que queria, mas não.
Paraliso ao menor elogio.
À menor demonstração mais ousada.
Minha ousadia foge, foge...
Para explodir sozinha, minutos depois.
Num “a dois” que não existe.
Mas  persiste em querer estar lá.
Diz sinceramente, como pode?
Como é possível tamanha luxúria?
Aguça meus instintos mais pecaminosos.
E me paralisa na hora primordial?
Casual, surge e some.
Feito mágico com coelho na cartola.
E que coelho!
Saltitante, espevitado.
Mal acostumado, todo apressado.
Assustador...!
Sinto na boca o gosto de pecado.
E não há explicação para um paladar tão aguçado.
É mais sensível que qualquer denotação.
É sensível no sentido de sentir.
É tateável, mesmo sem pôr a mão.
É absurdo, mas é.
E ponto!
Quer você queira, ou não.
Quer você também fuja, ou não.
Quer você sinta as mesmas sensações, tormentas.
É algo que existe.
Que está aqui, ali, acolá.
Que dialoga, de longe.
Que permanece, mesmo não querendo.
Que se faz lembrar, mesmo querendo esquecer.
Como isso?
Como?
Não sei explicar.
E talvez jamais saiba.
Por medo.
Por paralisia.
Por infinitos motivos.
Mas, mesmo assim, sem jeito, está e ponto!
Sem mais, permanece.
Adormece e acorda, depois de tempos.
Está, é, e será!
Mesmo contra a vontade...

Dos Anjos



De saia até o pé, toda feita de retalhos,
A Dolores das Rosas roda suas rendas.
Esquento o tambor, acendo minhas velas e rezo.
Rezo muito, muito mesmo!
Quase todo o tempo...
Peço prece, cura, proteção.
Peço pelo filho que segue na prisão.
Pela nora que há de parir mês que vem.
E pelas tantas outras almas que a seguem...
E são tantas... Ó, Pai!
Pretas, brancas, coloridas.
Sofridas, perdidas, encontradas.
São infinitas as que querem um alô!
E minhas mãos são quase de fada.
Escrevo, escrevo no papel de pão
E quando a entidade vai embora estou exausta!
Mas, agradeço por poder cumprir minha lida.
Sou querida por todos do terreiro,
Desde o sanfoneiro que virou adorador,
Até o senhor de escravos que veio bater tambor, depois da cura.
E ao som do tamborim, sai o estopim necessário para meu trabalho.
De amor, de encantamento, de pensamento bom.
O tambor bate, repica,
E a velha Maria aqui salpica
Umas rosas, oferendas.
São prendas aos mentores.
Afastam os horrores do dia a dia.
Eu bem que queria ajudar a todos.
Mas, não é assim que é.
É na rodada da saia
Que guardo os meus.
Cada pano, um bem-querer.
Cada renda, uma fenda a expor.
Com sabor de pipoca, paçoca e aguardente.
Dizem-me crente quase nada!
Ora, essa!
Quem são eles a duvidar de meu dom?
Herdei de mamãe, ainda menina.
E ponho em prática com gosto.
Seja a gosto de Deus Pai ou de Pai André.
Um axé é sempre bom!
Refaz a alma, retoca o tom.
E põe quem me procura a pensar.
Benzo criança, vovó e marido.
Falo com santo, orixá e entidade.
Com o coração aberto e vontade daquelas grandes!
Rodo a saia, ajeito o tabuleiro,
E se preciso, sacudo o terreiro todo.
Não tenho medo da prosa.
Sou da Rosa, dos Anjos,das orações.
Entoo canções aos que me ajudam.
E como ajudam!
Sou Dos Anjos, como me chamam.
De dia, de noite, a qualquer hora.
E agora se me der licença,
Vou voltar às minhas rezas.
Todas fortes, procuradas.
Para salvar toda essa gente que me bate à porta.
Meio torta, vou-me embora.
Saio agora, sem demora.
Se quiser, espere.
Posso lhe desatar um nó
Feito em cipó, num trabalho qualquer.
Coisa de mulher ciumenta
Que não aguenta lhe ver contente.
Mas, a gente resolve isso.
Ah! Se resolve, sô!..


terça-feira, 8 de julho de 2014

Maria



Com chão de terra batida,
E paredes de pau a pique,
A pequena menina é quase gente grande.
Tem bem menos idade do que deveria ter, em suas obrigações.
Não é mãe.
Mas cuida de cinco crianças.
Feito escada, cada qual tem um ano a menos.
E é dela a função de cuidar.
De tudo.
E quando dito tudo, é tudo mesmo!
O galo mal canta no terreiro,
E o café já está caindo no fundo do bule.
Com broa de milho, sem muito enfeite.
E depois de forrar o estômago, é hora de labutar!
Num chinelo de dedo gasto pelo tempo e pela poeira,
Ela sai quintal afora, cuidar da lida.
Alimenta galinhas, que futuramente irão para a panela.
Colhe os ovos, para bater a omelete.
E enquanto prepara a comida, fica de espreita nos irmãos.
Encarregada dos menores, é quase mãe deles.
E não reclama da vida que tem.
Nem pode.
Se o fizer, apanha.
Então segue calada, numa escolha imposta.
Goela abaixo, faz tudo o que mamãe lhe pede.
E ela, a mãe, sai cedo para a roça.
Corta cana em tempo de safra.
Colhe laranja ou café quando do fim dela.
Ganha pouco, quase mal dá para comer.
E deixa a mais velha das crianças assumir o papel de mãe.
Não pode cobrar muito cuidado, pela falta que faz sua figura.
É pai e mãe, a mãe.
A figura paterna desceu rumo a São Paulo.
E nunca mais voltou.
Dizem tê-lo feito família nova lá para as bandas de Araraquara.
A menina cresceu desde os quatro anos sem pai.
E viu na força da mãe em sustentar todos sua força toda.
Sabe que cada corretivo recebido é uma forma de aprender.
Um aprendizado forçado e engolido sem choro nenhum.
As letras, nem conhece.
Sonha em um dia poder escrever seu nome.
Mas, sabe que a probabilidade é mínima.
Garota sem seios formados,
Traz nos pequeninos mamilos o desejo de ser mãe, um dia.
Sabe que, provavelmente, sua sina não será diferente.
Só espera ter mais sorte no amor.
Espera poder contar com seu homem nas horas duras.
Tem pouca idade, mas é grande.
Dona de um sofrimento que não é só seu.
Carrega nas mãos os calos do dia a dia.
E n’alma a inquietude de menina-moça.
Cheia de sonhos, desejos e angústias.
Mas tão somente assim, escondidos.
Para para contar sua história a Panqueca, sua cadela.
E ela apenas lhe abana o rabo.
Como que compreendendo cada lamentação.
Lamenta, lamenta... E espera!
Quem sabe um dia Deus lhe ouça.

E a menina Maria possa curtir a idade adulta na idade certa... 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Margareth



De cabelo molhado
E toalha amarrada ao corpo,
Ela corre à porta, atender a campainha.
E quando chega, sua visita se foi.
Teve pressa.
É pena!
Porque preparara uma recepção daquelas!
Horas preparando tudo...
As velas, os lençóis, a trilha sonora...
O banho de espuma todo aromático,
As flores que houvera colhido em seu jardim...
Tudo milimetricamente pensado.
Contudo, demorara uns minutos mais em seu banho.
E com o som um pouco alto, não ouviria a campainha soar.
Jamais ouviria!
Mergulhada num prazer todo seu,
Todo recheado de suas próprias carícias,
Conforme se lembrava de cada encontro...
Desde o primeiro, ele sempre lhe arrepiara.
E lhe causava “coisas deliciantes”.
Então, era instintivo buscar a saciedade.
E sabia cada ponto mais erógeno de seu corpo.
Sabia subir pelas paredes ao menor toque.
E lhe ensinava também, todas as vezes que se viam.
Pegava-lhe as mãos e guiava.
Punha onde bem queria cada estímulo.
E depois perdia às vezes dos êxtases recebidos.
Ofertava sua seiva molhada como menina que descobre o sexo.
Sempre.
Perdia o controle gostoso.
E fazia seu amado urrar de tesão.
Era uma dupla perfeita!
Na cama, eram imbatíveis, dizia ele.
Não poupava poses, posições e loucuras.
Tudo para se auto satisfazer.
Gostava de proporcionar o desejo.
E para tal não precisava muito.
Um banho quente, um perfume doce suave e uma bala de eucalipto.
Às vezes, os acessórios outros ficavam esquecidos no criado-mudo.
Sabe seduzir, enfeitiçar.
Filha de dama da noite, trouxe no sangue o fervor do tesão.
Aprendeu sozinha a descobrir cada loucura.
E seu olhar  revela sua personalidade forte.
Dona de olhos castanho-escuros,
Mal pisca e tem companhia, caso queira.
Quis muito.
Teve quem teve vontade.
Hoje produz toda a cena a ele.
Seu amado das horas improváveis.
Quase gueixa, vive à espera de seu amor.
Ele lhe roubou o coração há quase um ano.
Mas, vive um amor sem tempo.
É muito atarefado e ela lhe serve para relaxar.
Vem, usa, abusa e some.
Dias, talvez.
Não revela se tem outra família.
E ela prefere não cutucar.
Gosta do carinho que recebe.
Está boa a posição que ocupa em sua vida.
Todavia, dessa vez ele não esperara.
Correu a mais uma reunião de emergência.
As velas, ela apagou.
As flores deixaram-nas na sala de jantar.
A música ainda rola, na vitrola antiga.
E o banho de espuma...
É nele em que vai saciar seu desejo absurdo.
Com as mãos e as lembranças.
Com os movimentos e os incensos a queimar.
Seu nome?
Prazer... Margareth!



Atrevimento



Atrevo-me a querer-lhe.
Numa madrugada comprida e chuvosa.
Cheia de desejo e audácia.
Desejo muito mais que seu sorriso aberto.
Desejo uma recepção tão calorosa
Que me faça arder pelos poros.
Numa febre interna explicitada,
Sentida e quista, mesmo com medicação.
Afinal, não há medicação melhor do que sentir seu calor em minha pele.
Perfumada e macia, visito-lhe vestida de homem.
Escondida debaixo de uma camisa e uma grossa calça social.
De cabelo amarrado, debaixo de um chapéu de canto na cabeça.
E com suspensório a confundir os vizinhos.
Contudo, debaixo do disfarce, sigo despida.
Amo a leveza de uma pele soltinha.
E sei também que ama minha loucura.
Ama sentir meus seios à espera de seus lábios.
E minha excitação à espera do seu desejo todo.
Somos loucos um pelo outro.
E a noite, nossa cúmplice.
Pois, para nós o dia é visível demais a uma descoberta!
E não podemos nos arriscar.
Então, atrevo-me a girar a chave do seu portão.
E a adentrar-me, sorrateira, em seu território.
Agora sou caça.
E você, meu caçador implacável!
Subo as escadas devagarzinho.
E, baixinho, sussurro um “olá!” em seus ouvidos...
Estava dormindo feito criança.
E, ao mesmo tempo em que se assusta, salta-me num beijo de alegria.
É rápida sua ansiedade.
Olha em meus olhos e me pede que o satisfaça.
E eu apenas digo um “idem” como resposta.
Espero satisfazê-lo e satisfazer-me!
Tão rápida quanto sua ansiedade é sua excitação.
E me puxa para debaixo da colcha felpuda.
Onde disputa cada pedaço meu.
Sou sua.
Mas prefere conferir cada milímetro.
Confere audaciosamente.
Com dedos a me procurar.
E com lábios a me devorar.
Põe-me ao seu deleite à medida que me faz perder a noção.
E perco-me em um instante, rapidinho!
Sabe me enlouquecer.
E depois do gozo eufórico, metafórico,
Ainda me beija a boca e a face.
Porém, seu descanso é breve.
E em poucos minutos lá estamos nós num tudo de novo.
A noite voa feito passarinho.
E, quietinho, adormece todo contente.
Preciso, pois, voltar à minha realidade.
Mesmo sem vontade alguma em lhe abandonar.
Amanhã eu volto, na madrugada.
E começo tudo outra vez.
Numa nova vestimenta,
Com pimenta malagueta no Halls que eu chupo.
Para me atrever a perder o controle.
E a deixar que controle meus instintos mais pecaminosos.
Um atrevimento e tanto,

Que vale qualquer escapada noturna de insanidade.

domingo, 6 de julho de 2014

Reticências



Há quem diga ser racional todo o tempo.
Pois eu sou emoção.
Sou das reticências todas a enfeitar.
Dos três pontinhos a não terminar.
Não gosto do ponto final.
Fomos apresentados ainda na infância.
Mas, não nos tornamos velhos amigos.
Talvez conhecidos, daqueles de se acenar vez ou outra.
Fiz amizade cativa com as reticências.
Tornamo-nos confidentes absolutas.
Seja nas palavras rascunhadas na folha em branco,
Seja no decorrer das ações cotidianas.
Embora não goste muito de rotina,
Pratico o exercício de ter tudo sob controle.
Para eventuais desvios do caminho.
Sou reticências todas,
De um viver todo sem resolução formulada.
Emoção caminha comigo,
Como namorado aos quinze anos.
E não há emoção sem reticências.
Sem aquelas perguntinhas do “e agora?”...
Do não terminar o terminável,
Só pela sensação de estômago doer.
Uma dor de ansiedade
Em virar a próxima página
E encontrar personagens conhecidos, novos...
E as páginas vão virando, virando...
Por vezes, na velocidade da luz.
Noutras, pela força do vento tranquilo da manhã.
As reticências dão um toque de glamour.
Mesmo quando a gente veste trapo.
Aquela sensação da continuação sabe-se Deus quando, faz a gente imaginar.
E a gente imagina mesmo!
Fantasia, confabula, concatena.
Termina ou deixa para depois terminar.
Quando a alma “der na telha” de retomar o que fazia.
As reticências me fazem parte.
Fazem-me arte das mais complexas.
Escrevem por mim, deixando pedaços meus pelo caminho.
E confesso não me desdobrar por completo quase nunca.
Prefiro a instigância da surpresa,
A ter tudo estigmatizado estrategicamente.
Sou das reticências.
Dos pontinhos três que não terminam nada, quando surgem.
Da falta de tempo em terminar.
Da preguiça em pôr um ponto final.
Sou das reticências, todas.
Quantas eu puder usá-las!
E não me venha mudar meus pontinhos de lugar.
Quem decide o que acaba e o que permanece são elas, minhas doces reticências...


Cores do Coração



Dizem que o amor é todo cores.
E talvez seja mesmo colorido.
Uma cor para cada pessoa.
Uma pessoa para cada cor de sentimento.
Quando a gente ama muito mais a amizade do que a pessoa,
Talvez o amor seja amarelinho.
Todo infantil, delicado e inocente.
Já quando a gente quer bem, que o bem daquela pessoa,
Nosso amor é mais azulado.
Tipo olhar para o céu, em dia de céu aberto.
Quando o amor é festeiro, companheiro de seresta,
Sua cor é a laranja.
Suas vibrações contagiam e conspiram a favor.
Quando o amor é todo zen, todo meio light,
Posso dizer que o vejo todo verde.
Cor de mato novo, brotando no terreiro.
E quando explode igual jabuticaba caindo do pé,
É fogo feito pimenta.
Vermelho, vermelho... Chega a pinicar.
Outra forma de amar colorido é aquela rosada.
Toda encanto e ternura.
Cheia de mimos e gracejos a conquistar.
O amor é cor, todas as cores juntas!
É arco-íris bem lá no alto do céu, depois da chuva.
É cor de cascata caindo, batendo na pedra grande.
Traz paz para os olhos.
É céu de brigadeiro na noite, todo estrelado.
É enxergar o brilho distante e trazê-lo para perto.
É cor e sabor de sorvete de casquinha.
Daqueles que escorrem pelos dedos, tão deliciosos.
O amor é sim todo colorido!
Preto e branco somos nós.
Cheios de pudores e preocupações a tirar a cor dos olhos.
Daltonizamo-nos de maneira boba,
Com medo de que percebam nossa cor em especial para cada tipo de amor.
Há amor de pai e mãe.
De pai e filho, mãe e filha e vice-versa.
Amor de irmãos, de primos, comadres, compadres.
De amigo distante, amigo perto.
De namorado, amor da vida, amante às escondidas.
De amor de pelo, de pele, cabelo suor e saliva.
De safadeza e de pureza quase universal.
O amor é o sentimento dos anjos.
E mesmo que não sejamos dignos de asas,
Somos convidados a amar.
Do nosso jeito, meio sem jeito, ou com aquele jeito todo.
O importante é que amemos.
Que estejamos lá, à esperam com a plaquinha na mão,
Convidando a um primeiro encontro.
Seja ele colorido, já de início.
Seja adquirindo cor, feito desenho de criança...


Venha visitar...



Estou com saudades de você.
Não veio mais visitar minhas palavras.
Estou com vontade de você.
Elas anseiam por seus comentários.
Escrevo ora quando no intuito de trazer até mais perto
O que encanta meu pensamento.
E há vezes em que lhe escrevo.
Para expor uma saudade.
Para convidar a um refresco.
No entanto, segue mudo quase invisível.
Sei que passeia por minhas histórias.
Mas, por respeito ou sabe-se lá o motivo, prefere o anonimato.
Anonima-se e me lê.
Denomina-se e não me vê, sentada na varanda,
Enquanto cai a noite.
É nela em que deixo fluir meus pensares.
É em meio a ela em que prefiro devanear.
E há minutos em que cabe um devaneio meu...
Singelo e sem enfeite.
Ou adornado por sussurros breves.
Pouco abuso do poder das minhas linhas.
Gosto que me decodifiquem pouco a pouco.
Num processo quase louco de desaceleração.
Sou calminha, bem ao trote.
Mas também sei galopar.
Basta que minhas rédeas estejam bem postas.
Para não me machucar.
Por falar em machucado,
Venha sempre com cuidado.
Para não ferir minhas vontades.
Sou das meia-verdades ditas devagarzinho.
Para que o carinho do momento não me roube o pensamento.
Há rima, certas vezes, ao meu lado.
Para deixar apaixonado meu leitor mais ressabiado.
Mas, não é sempre que ritmo meu poetar.
Há vezes em que lhe encaixo no meu poema mais bagunçado.
Gosto de bagunçar ideias.
De idealizar bagunças.
E confesso saudar sua bagunça em meus pensares.
Da mesma maneira em que confesso gostar de tais pensamentos desconexos.
É algo que questiona e faz sorrir, ao mesmo tempo.
Que arrepia a pele e martiriza a consciência.
Num duelo entre o certo e o querer.
Entre o querer estar presente
E o presentear com minha presença.
Mas, não há nem um, nem outro.
E a saudadezinha invade, levemente.
Num querer perturbar-me, só um pouquinho.
Coisa de quem escreve...
Coisa de quem traduz sentimentos e sensações d’alma
Em breves ou intermináveis palavras.
Porém, você bem que poderia me deixar seu carinho, um dia desses?!...




Invasão




Não pensa!
Fecha os olhos e sente...
Vou dedilhar o seu corpo de baixo para cima.
Começar pelo dedinho do pé, bem devagar.
Vou subir à medida da minha vontade.
E buscar conhecer cada poro, cada pinta, cada saliência.
Sem pressa.
Para poder decorar tudo, se eu um dia perder a visão.
Vou saber suas dúvidas, suas cócegas, seus arrepios.
E vou lhe fazer arrepiar!
Delicadamente... Ou não!
Porque entre quatro paredes um pouco de loucura é sempre bom!
E sei ser insana, profana, poetisa!
Sei cavar seus versos, buscar suas orações, suas súplicas.
E sei rezar baixinho, só em pensamento.
Então, prepare-se!
A música boa na vitrola já toca, convidando.
Venha dançar comigo!
Beber algo gelado, adocicado, que borbulha na língua.
Pode ser champanhe ou Coca-Cola.
Desde que tomado com você, tanto faz.
O sabor se mistura ao da saliva, formando alquimia.
E salivarei sobre seus lábios.
Num beijo molhado, quisto, feito!
Com direito a bagunçar o cabelo.
Sou assim, dos gostos inesperados.
Se me der na telha, vou e faço!
E quero fazer com você algumas aventuras.
Sair por aí, em meio às estrelas.
Encostar seu corpo contra a parede e lhe roubar um beijo.
Deixar escorregar a mão, leve, leve...
Puxar seu rosto para perto, e depois fugir.
Para que me pegue, busque, procure.
E depois me prenda, por ter sido menina má!
Prenda e castigue, da melhor maneira...
Abra meus sorrisos, minhas gargalhadas.
Faça-me querer ficar, voltar, ir e cinco minutos já ligar!
Mas, faça!
Não gosto de coisas mornas, que não têm temperatura expressiva.
Ou esquenta e me faz ferver.
Ou esfria e me faz congelar, ir embora.
Contudo, ainda espero que me esquente.
Que me aconchegue em seus braços, abrace-me e não desgrude.
Verá que sou especial!
Que sei ser à sua moda.
Que sou docinha, um primor!
Que sou de se chupar de canudinho, para não acabar.
Feche seus olhos e sinta-me.
Sinta meu perfume lhe invadir as narinas.
E me invadir a você.
Do meu modo, todo desejoso.
Deixe as invasões lhe tirarem o sossego, o juízo.
Deixe meus galanteios lhe fazerem lembrar-se de meu nome.
Eu amo perturbar.
E você será minha invasão, meu tormento hoje na madrugada.
Basta apenas que queira minha pele, minha insanidade.
Eu, sinceramente, duvido que recuse!...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quero-lhe!



Quero você aqui, esta noite!
Vou raptar seus pensamentos!
Quero lhe sugar as energias.
E depois lamber dedo a dedo meu.
Como depois de saborear uma sobremesa deliciosa.
Vou raptá-lo, fique esperto!
E não garanto devolvê-lo antes de me saciar...
Sou praticamente insaciável, meu bem!
Gosto das entrelinhas, das estrelinhas que se formam.
Das faltas todas a me descomposturar.
Gosto do cabelo molhado, bagunçado e perfumado.
Um bom perfume seduz qualquer mulher.
E deixo-me seduzi por seu cheiro amadeirado, se quiser.
Fico quieta, quase muda.
E mudo, quase rebelde.
Ergo as pernas, entrelaço seu quadril ao meu,
E fecho os olhos, apenas sentindo...
Abro a boca, num sussurro de prazer.
Abro os olhos, para ver você todo entregue.
E entrego minha seiva mais refinada.
Desde que me oferte seu néctar mais maduro.
Todo enrijecido pela excitação do momento.
Todo ensandecido pelo desejo todo feito há tempos.
Num baile sem música.
Numa sinfonia silenciosa.
Quebrada apenas pelo desejo à flor da pele.
Vou sequestrar qualquer desatenção sua.
E pô-las num potinho com o meu nome.
Para que eu lhe roube a mim.
Para que esteja sempre à minha disposição.
Gosto que esteja ao meu alcance.
Sou um tanto egoísta, um tanto ariana.
E por ser assim é que lhe quero aqui e agora!
Quero seus melhores beijos.
Suas mãos  cercando meu corpo.
Seu corpo sobre o meu corpo.
Sua voz calando a minha voz.
Quero que grite, que excite, que perca todo o juízo.
Para que juízo em se tratando de prazer?
Quero seu prazer em meio ao meu.
Num vai e vem todo encaixado.
Num encaixe todo mirabolado.
Num querer ficar todo agarrado.
Sei lhe perturbar a alma.
E quero ela ao meu dispor, baby!
Vou lhe visitar e lhe puxar pela blusa.
Num beijo molhado, jogado contra a parede.
E depois?

Depois lhe faço adormecer em meio aos meus seios nus...