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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Musicalidade n’Alma


Impressionante como a música me toca!
Sensível, penetra minh’alma...
Eufórica, balança minhas entranhas.
Com seus versos e suas melodias, viajo.
A perder a noção do tempo e do espaço.
A querer flutuar dentro do contexto.
De forma doce ou mesmo melancólica,
Põe meu eu interior a bailar, solitariamente.
Não tão por falta de opção.
Mas por querer dançarolar comigo mesma.
E assim o faço, enquanto os acordes soam.
O dedilhar das cordas, o entoar das teclas do piano,
A voz suave e aguda de um soprano ou tenor,
Ou grave e cheia de força daquele que entona notas poderosas...
Cada uma me penetra o ser, diferentemente.
E vai tão fundo!
Instala-se não só no cérebro.
Mas, em cada pequenino pedaço de mim.
Aos poucos, de olhos fechados, posso sentir as células embriagadas pelo som.
Todas pulando, pipocando...
Como se fossem parte da melodia.
Impressionante o poder do som na alma humana!
Transporta, conforta, estremece...
Mergulha, hipnotiza e ascende!
Tão somente pelo dom de se fazer sentida, literalmente.
Tão simples no ato de curtir.
Tão eternizada na memória, como doce lembrança.
Ou amarga recordação de um tempo vivido.
A música vem e invade.
Perturba, ou mesmo relaxa.
E depois quem fica viajando somos nós,
Reles admiradores escravizados de sua beleza...
De sua doçura louca.
De sua profundidade toda.
Dos seus quereres mais subscritos,

Feitos para que sintamo-nos tão só, de olhos fechados...

domingo, 24 de agosto de 2014

Sopa de Almas



Há almas em quase todo canto.
Umas boas, outras nem tanto.
Umas alegres, outras tristonhas.
Por algum motivo aparente ou não.
Umas perturbam só um pouquinho.
Outras para uma vida inteira.
E nem sempre há aquela paciência toda.
Em especial, em dia de tensão pré-menstrual.
Aqueles dias terríveis e intermináveis.
Onde qualquer folha vira Zé do Caixão.
São nesses dias em que eles aparecem.
Todos em suas órbitas, suas carcaças velhas.
A assombrar quem quer que seja.
Estão escondidos debaixo da cama, dos sonhos,
Prontos a penetrar no sono, deixando-nos completamente insones.
Insones em noites de inverno,
Onde o caminhar das horas é mais lento.
E o balançar dos galhos nas vidraças mais assustador.
Feito múmias alegretes.
Ou com caretas de arrepiar as pestanas.
Gostam de variar o humor.
Por inúmeros motivos.
Indecifráveis para quem já se foi.
Ou nem foi, ainda.
Vivemos numa sopa de almas.
Todas postas num caldeirão gigante a fervilhar, pegar sabor.
Há sabores que são pegos.
Outros nem com reza brava.
Nem com mandinga de bruxa,
Com guisado de pernas de aranha e asas de morcego.
Há na verdade almas que não dão sopa.
Quando jogadas n’água, o guizado encrua.
Deve ser a dosagem dos ingredientes?
Talvez.
Ou pior.
Talvez a qualidade d’alma posta em fervura não seja das melhores.
Em vida, na morte, além dela.
Dizem que o mundo é um misto de céu e inferno.
Creio que estejamos aprendendo a oscilar entre o quente e o gélido.
Para que nos acostumemos quando chegar a vez
De mergulhar no enorme caldeirão das almas ensopadas.
Há almas em quase todo canto.
Num tanto ou além dele.
Desastrosas ou orientadas.
São tantas a perder as contas.
A perder as paciências.
A perder a vontade de ficar à espera delas.
Há almas por todo canto.
E neste momento as sinto.
Umas me atingem, outras não.
Umas brincam, outras fecham o semblante.
Coisa de característica.
Coisa de quem já sobra tempo na vida.
Ou na morte.
Coisa de sopa d’alma.
A fervilhar-nos, ora mais cedo...

Ora na hora certa de fazer “tchibum”...

Partida



Já tentei prever suas atitudes e não consegui.
Você é imprevisível demais para que eu a decifre.
É inconstante demais para que eu lhe constancie.
Nunca gostei de bajular ninguém.
Mas você me fez insano.
Deixou-me à beira da loucura,
Onde não mais reconhecia minha face no espelho.
Perdi minha identidade.
E, perdido, pus-me ao seu dispor.
Num eterno jogo de gato e rato
Fez o que pôde com minha memória.
E eu quase pulei do precipício por você.
Estive por um triz.
E num estalo ao encontro da morte,
Pude recobrar minha sanidade.
Vi que não valia a pena continuar
O que nunca nem houvera começado.
Foi um erro sua permanência, todo esse tempo.
Pus-me ao seu deleite.
E nem um pires de leite me dera!
Morri à mingua, com fome de sentimentos.
E eu sou todo sentimentos.
Minha mãe me ensinara isso desde sempre.
E conselho de mãe é sagrado...
Acordei a tempo de ver sua real face.
E hoje ainda me pergunto
O motivo de tanta falta d bom gosto.
Justo eu que fui criado nos moldes tradicionalistas!
Deixei-me influenciar por poucas sensações de satisfação.
Isso quando você se dispôs a satisfazer-me antes de a si mesmo.
Acordei a tempo da salvação.
E ao ver-lhe caminhando pela rua,
Pergunto-me o que me houvera acontecido, durante tanto tempo.
Perdi a paciência da subordinação.
Decidi ser dono de mim,
A ficar acordado a noite toda, esperando sua farra acabar.
Pus mel em seu chá de hortelã.
E hoje se pudesse teria posto gotas de “semancol”,
Para que tivesse percebido que era eu sua melhor escolha.
Tarde demais para escolher a mim, de novo.
Fui ser feliz ao meu modo.
Sem sua sombra a me consumir.
Sem hora para preparar o café da manhã.
Sem comprometer-me com algo que não valha a pena.
Querendo apenas o que tiver valia.
Pus-me a olhar no espelho e enxergar-me.
Sem medo do que estivesse refletido.
Se há rugas, elas são sinais de vivência.
Se há confusão dentro do peito, ela também passará.
Se não num piscar de olhos, ao melhor tempo.
Cada momento vivido é guardado.
E à partir do dia em que lhe entreguei ao fogo, preferi jogar as lembranças.
Queimá-las talvez lhe afaste dos meus pensares.
E eu anseio só por pensamentos bons.
Nada além deles.
Joguei-lhe ao fogo da inquisição,
E virei às costas.
Para não me arrepender.
Para não tentar apagar com as mãos as chamas.
Deixei  as brasas queimarem até o fim.
Para que não mais tivesse vestígio seu em minha memória.
Os chás, joguei todas as caixas.
Agora, um saco de laranja já me satisfaz o paladar.
As fotos, os perfumes, os travesseiros...
Tudo fora para o lixo.
É chegada a hora de amar a mim.
Solitariamente.
Antes só que em má companhia.
E você definitivamente não fora o que esperava que fosse.
Mas, foi-se.
E isso já basta!

sábado, 2 de agosto de 2014

Imperativo!



Venha ao meu encontro.
Louco, varrido.
Quero seu cupido perturbando-me!
Quero seu cheiro à flor da pele.
Sua pele à flor da minha.
Minha loucura envolta a você.
Quero seus galanteios em meus ouvidos.
Sussurros, gemidos,
E aquela pressão toda do inesperado.
Com cuidado, venha!
Talvez eu tenha me desacostumado a ter companhia.
E estranhe sua alegria toda.
Mas, venha mesmo assim.
Há em mim uma necessidade absurda em ver-lhe!
Tocar suas mãos levemente.
Como num flerte às escondidas.
Esconderei meus defeitos pela casa,
Para que os descubra aos poucos.
E loucos, tomaremos um banho,
Numa banheira gigante.
Com velas e sais,
Os quais serão adornos.
E mornos, pela quentura da água,
Deixaremos nossas chamas nos incendiarem o juízo.
Quase não possuo.
Mas, o pouco que me resta entregar-lhe-ei!
Suave, como beijo na boca.
Fatal, como sexo selvagem!
Satisfação garantida ou porta batida.
Sem ressentimentos, aumentos ou lamentações.
Os corações que se encaixem,
Ou uma festa para afogar as mágoas...
Com direito a um reencontro, talvez.
Se o desejo bater à porta,
Talvez um vinho aqueça a ansiedade.
E a vontade de ter-lhe em meus lençóis ressurja.
Simples euforia, com bala de eucalipto a adocicar.
Penetra minhas entranhas
Com ardor de uma primeira vez.
Posso gostar de novo.
Posso querer um pouco mais.
Quero seu flerte, sua indecisão.
O quão ela for viável.
O quão eu vê-la a meu bel-prazer.
Sou do prazer e da inconstância.
Ora quero, ora espero.
E hoje o querer é primeira pessoa, quase imperativo!

Armanni



Com vestido de amarrar nas costas,
E cabelo impecavelmente arrumado,
A pobre menina de família observa por trás da cortina a vida passar.
Não é dona de si própria.
Por viver em tempos de antigamente.
Não conhece os seus melhores sabores e aromas,
Por não poder dar um passo fora da linha.
Debruçada na sacada, espera o grande amor passar.
Talvez ele apareça, talvez não possa.
Será que ficará prisioneira pela vida toda?
Parada, à espera da felicidade?
Dona de tristeza nos olhos,
Toda ela contida nas lágrimas sufocadas no enorme travesseiro
É filha da austeridade,
Sequestrada de si mesma.
Não pode cogitar qualquer fuga.
Passa os dias a fazer as vontades dos outros.
E nem pentear os próprios cabelos pode.
Tem alguém que lhe faça companhia e as vontades.
Mas, as suas próprias vontades ficam debaixo do cobertor.
Sabe que não pode esperar demais dos outros.
E não espera.
Nem de si mesma.
Não quer alimentar falsas esperanças.
Não quer e não pode.
Talvez um dia possa.
Numa próxima vida.
Quando não tiver tanta austeridade lhe rodeando.
Quando não sentir as amarras lhe prendendo a vida.
Hoje, apenas observa...
Observa e espera.
O desenrolar dos momentos.
O viver dos sentimentos, contidos.
O desembramar de um viver pela metade.
Um dia talvez transpasse tudo isso.
Pela força do amor.
Pela fé em ir além.
Pela coragem em expressar-se.
Hoje, apenas observa.
Sem forças para lutar contra.
Sem querer contrariar quem quer que seja.
Observa e reza.
Quem sabe Deus a escute.
E a salve.
De seus devaneios pecaminosos.
De seus delírios quase enlouquecedores.
Quem sabe...
Não sabe!
Só espera e observa.
Por trás da cortina.
Por entre os quereres.
Por um quase viver pelos outros.
Assim.
Sem enfeites, sem observações.
Sem nada além do cansaço.
Sem mais...