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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 17 de março de 2013

Inconstância



Ando querendo enxergar
Em tons coloridos.
Meus filmes passam em preto e branco.
Por vezes, os rebobino.
Noutras, nem me preocupo.
Num constante “assiste e cochila”,
A vida vai passando...
Ora com holofote de um mega show,
Ora no silêncio de um cinema mudo.
A vida segue em altos e baixos
Tal qual um eletrocardiograma.
A diferença é que as oscilações
Permanecem guardadas em relatórios, de prontuários,
Apenas e tão apenas na memória humana.
Há dias em que me pego concatenando...
Tentando compreender
O porquê so ser humano
Ser tão assim...
Uma inconstância absurda?!
Penso, penso...
E aos poucos as hipóteses surgem.
Talvez seja obra da genética, creio eu.
Afinal, vemos pais e filhos
Tão iguais na ignorância
E também no cultuar d’alma.
Mas, seríamos hipócritas
Se víssemos na genética
A resposta mais certeira.
A genética talvez auxilie.
Todavia, somos feitos de opiniões ímpares.
Cada qual segue o que deseja.
Quando e o quanto seu desejar pede.
E não adianta forçar algo a mais.
Somos feitos aos poucos.
Quando nos apertam
Talvez nos tornemos mais inconstantes ainda.
Uma “mistureba” de sorrisos e expressões sisudas
Que chega a ser engraçado!
Graça aos olhos d’um,
Falta de humos para outros.
Somos inconstantes por natureza...
E cada vez tendemos à piora.
Vamos ficando velhos,
Com a pele flácida e fina,
E a paciência mais fina ainda.
Damos “coices” como touros bravos
Na mesma intensidade com que
Quase mendigamos um cafuné.
Existem pessoas que são piores.
E amargam além do café
A alma, também.
Vivem à espera do mal
A quem quer que cruze seus caminhos.
Digo que pessoas assim
Deveriam aprender
A fabricar sapatos.
As marteladas no couro duro
É o que moldam os calçados.
E o melhor, ele não reclama.
Em meio a tantas constâncias e inconstâncias
Tem dias em que também oscilo.
Tão igual a todo mundo.
Tão ímpar em minhas oscilações!...
Esbravejo. Falo mal.
Choro. Peço colo.
Ainda bem que os que me guiam
Compreendem em silêncio.
Afinal, se não o fizessem,
Talvez um surto psicótico seria a melhor solução.
Risos à parte,
Ponho-me à mercê do dia a dia.
Espero na força do tempo
A velocidade do vento
A conduzir minhas velas.
Apenas sento e espero.
Em dias de maré baixa, mar tranquilo e doce,
Contemplo a paisagem
E recordo-me a que vim.
Muitas lembranças n’alma.
Muitas perguntas no encéfalo.
E respostas?...
Ah! As respostas a vida dá!
Seja através de um sorriso infantil
Em plena segunda-feira pela manhã,
Seja no correr das lágrimas
Que já sabem os caminhos
De cada maçã do rosto
Quando as perguntas são maiores
Do que as respostas...

Um dia...




Um dia bato boca com minha consciência
E digo a ela umas verdades.
Ela anda precisando ousar
Aprender a dedicar-se
Tão somente ao que tem retorno.

Um dia aprendo a dizer não
Sem receio de represálias.
De ouvir minha maldita consciência
Dizendo-me que estou errada.

Um dia deixo a covardia de lado
E aprendo a cuidar do que desejo, antes de tudo.
E a desejar só sorrisos
Ao invés das lágrimas que rolam, na madrugada.

Um dia olho no espelho
E vejo algo bem maior que meus sonhos.
Algo que realmente me motive
A querer ficar aqui
Mesmo em noites de tempestade.

Um dia ainda abro os braços e alço voo.
Um voo sem rumo,
Apenas sentindo a brisa
Invadindo meus pulmões com ares quase rarefeitos.
E de braços abertos,
Perco o rumo
Deixando o foco de lado
Só para admirar
O que até então meus olhos
Nem sequer tomavam nota.

Um dia perco o medo de médico.
E então me deixo examinar.
Seja por fora, ora por dentro...
Sem vergonha nenhuma na carne.

Um dia digo a todos que amo
O quanto me são especiais.
Não hoje.
A covardia faz com que eu me trave.
E isso, eu sei, é ridículo.
Tão ridículo que eu mesma me puno.
Uma punição silenciosa, discreta.
Mas que fere tanto ou tão mais
Que qualquer autoflagelação.

Um dia perco o medo dos monstros
E deixo seres extraterrestres se comunicarem
Com toda a facilidade dos humanos.
Mas, um dia.
Hoje os vejo seres grotescos e estranhos,
Quase horrendos.

Um dia perco as estribeiras
E mando meus vizinhos ao quinto dos infernos.
Tamanha cordialidade
Só é válida quando recíproca.
Quando vem de um lado só
Deve levar outro nome.
Algo bem menos leve
Do que vizinhança.

Um dia ainda bato boca
Com quem quer que cruze meu caminho
Não buscando me acrescentar nada de útil.
De gente chata já chega meu espelho.
De certo, nem ele me suporta, certas vezes.

Um dia abro a boca e falo tudo...
Tudo o que vai em minh’alma.
Dizem que remoer sentimentos
Torna-nos menos saudáveis.

Contudo, tão somente um dia.
Talvez esse dia seja amanhã.
Talvez só na próxima encarnação.
Não sei.
O que sei é que guardo dentro d’alma
Todos os sentires            que me fazem viva.
E lhe garanto... são muitos!
São tantos e de tão diferentes formas e cores
Que se unidos quase os comparo
Com blocos lógicos, tangrans.
Todavia, a lógica toda foge a milhas.
Feliz dela que consegue desprender-se.
Um dia faço o mesmo.
Mas, só um dia.
Quando a coragem estiver aqui.
Um dia, não hoje...