um pouco mais sobre mim...

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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sábado, 28 de dezembro de 2013

Anfitriã



Com colar de pérolas adornando o colo, enrugado,
A senhora de vestimenta impecável recepciona.
Passou meses preparando tal festividade.
E espera olhares de aprovação quase que imediata.
É dona de patrimônio alto.
E tampouco se preocupa em adquirir mais moedas.
É feliz com o que tem nas mãos.
Anfitriã com qualidade à mostra.
Veio de vida difícil, quase paupérrima.
E foi se elevando, suor a suor.
Conquistou império, criou fortuna,
Mas é igual a todos.
Não vê seus subalternos como tal.
São quase amigos de infância.
Não é demagoga, nem hipócrita.
Apenas alguém com o bem no coração.
Esperou muito tempo para festejar.
E fez questão de chamar quem pudesse.
Para celebrar um de seus últimos anos.
Sabe que seus dias estão contados.
E nem assim desanimou.
Em nenhum momento.
Amou a vida e os seus com tamanha intensidade
Que não deixou brechas para dizerem o contrário.
Fez de seu viver poço de virtude, quase impecável.
Buscou sempre a satisfação do que lhe deixava feliz.
Nada, além disso.
É dona de educação exímia.
Fruto do educar de sua mãe, simples.
Cresceu sem pai, nem o conheceu.
Também não fizera questão disso.
Não julgou necessário saber de onde viera, para ascender-se.
Ascendeu com a força de seu suor, gota a gota.
E com o amor dos seus em seu coração.
Fez-se presente, mesmo na ausência.
Fez-se soberana, sem erguer meio tom de voz.
Embalou histórias de biografia.
E biografou muitas das histórias ouvidas,
Nos diários velhos e adornados.
Desde menina guardou em folhas amarradas
As melhores e piores amarrações de seu viver.
Nunca questionou o que recebera.
Dizia ser-lhe ofertado apenas o privilégio que pudesse retribuir.
E retribuiu cada encantamento.
Docemente.
Com uma educação de dar aquela inveja boa.
De ficarem horas admirando.
Foi dona de si própria.
E também companheira de seu amor de juventude.
Casou-se cedo.
Por crer no amor antes de tudo.
Teve filhos, netos e bisnetos.
Deixou um legado muito bem formado.
É de toda respeito e ternura.
Esperança e ensinamentos.
É noite!
As luzes já estão acesas.
Os candelabros bem brilhantes
A reluzir toda uma felicidade de vida.
É chagada a hora de discursar.
De dialogar, apreciar o festar dos oitenta anos.
Anos muitos de uma lucidez
Que mais parece juventude d’alma.
É senhora na idade avançada, cronologicamente.
E também mocinha dos tempos do vestido branco rendado.
Já não espera tanto da vida.
Apenas o término triunfal
E o reencontro dele que, um dia, chamou de amor.
Sabe que vai em breve.
Mas, não se decepciona.
Apenas agradece ao Pai por tudo.
E pede uma nova recepção tão calorosa
Quando o salão principal da festa
For em meio às nuvens branquinhas...
Tão brancas quanto seus cabelos.
Tão leves quanto sua existência entre os homens.
Tão doce quanto algodão doce colorido em palito.
Porém, é hora de festa!
E o lema é aproveitar!
Simples assim.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Lapidação



Por vezes, me pego pensando o quão diferentes de nós são as pessoas que mais amamos. Aquelas que mais nos rodeiam, mais nos auxiliam, mais nos fazem companhia.
São exímias na arte de fazer parte de nossas vidas. Mas, por vezes, temos nós é que nos adaptarmos ao trejeito diferenciado, ao sujeito, ao predicado todo revirado, se comparado ao nosso mundo.
Então, desdobramo-nos para que tudo permaneça harmonicamente, para que nada fuja do denominado habitual, em órbita.
Ouvimos uma música mais às nossas avessas, vestimos uma roupa nada a ver conosco, passamos uma borracha aqui, uma demão de tinta ali... E quando vemos, estamos nos auto lapidando. Tentamos moldar melhor um detalhezinho qualquer de cada qual que nos cerca. Mas, nem percebemos que somos nós moldados ao bel-prazer de quem nos rodeia.
E acabamos nem vidro, nem diamante. Um ser inacabado, sem aquele brilho que deveria ter toda e qualquer pedra preciosa. E apenas nos tornamos, no máximo, uma pedrinha semipreciosa, daquelas compradas em barraquinhas, em estandes de rodeio, ou de quermesse.
Vamos aniquilando-nos, e não chegamos nunca ao objetivo anteriormente almejado. O que acabamos por concluir é que fomos idiotas, um tanto de tempo considerável.
Mas, somos assim. Idiotas por natureza. Por essência humana. Por burrice carnal. Somos quase nada e nos achamos capacitados a mudar o que quer que seja além do próprio nariz. O que não é bem real.
Perdemos tempo. Todavia, um dia, num piscar de olhos, numa música mal ouvida, numa leitura mal sentida, percebemos que ninguém lapida nada. Nem vidro, nem diamante. Nasce-se pronto! Sem precisar de qualquer instrumentação que modifique qualquer faceta que seja, por menor que for.
Portanto, pare de se auto lapidar! Isso é idiotice. Das grandes.
Pense nisso e saia buscando o que lhe agrada, mesmo que isso não lhe agrade totalmente a alma. Afinal, não somos de todo perfeitos, nem estamos de todo felizes.
Estamos. Como previsão meteorológica, como estação do ano. Simples assim.


domingo, 17 de novembro de 2013

Saudade



Alguém avisa para a saudade
O quanto ela é cruel?!
O quanto ela faz doer o peito...
Alguém avisa, por favor!
Saudade tem nome e data cronológica.
Ou talvez nem tenha.
Talvez seja algo que doa, mas sem ter como explicar.
Então, a gente fecha os olhos
E pede para voltar no tempo.
Coisa impossível para nós humanos.
A gente sente tudo de novo.
Os abraços, os carinhos, as iluminações d’aura.
E sem que vejamos, a gente se ilumina de novo.
Delicadamente.
Gradativamente.
A gente vai se iluminando só de querer ter perto
Algo que já foi nosso.
Seja gente, seja momento.
E o coração se enche de alegria.
Saltita, saltita sem nem sair do lugar.
Saúda o dia, no raiar do sol.
Conta estrelas, no meio da noite.
Espera o luar brotar no céu.
Enche os pulmões com a brisa da manhã, o vendaval do fim de tarde.
E espera... Pacientemente.
Pela nova nostalgia.
Pelo breve momento de recordar.
De tentar captar no cosmos aquela parte que nos deixa saudosos.
A saudade é cruel, sim.
Malvada, por ser saudade.
Por ser só saudade, nada mais.
Mas, a malvadeza não é de toda tão crueldade.
Pois traz à alma aquele gostinho
De reviver a vida, pedaço a pedaço.
Um revival todo cheio de carinho.
Afinal só se suspira saudosamente por aquilo que foi bom.
E como recordar é viver,
Que vivamos nos realimentando
De pequenos fragmentos doces
De um viver quase perfumado.
Mas, avisem-na, por favor:
Saudade demais dói n’alma!

E crueldade demais é pecado!... 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Fora do Eixo



Perturba minha mente.
Desconcentra meu dia.
E sabe que não pode!
Sabe que essa telepatia comunicativa
É tão prejudicial, quanto adoçante.
É torturar propositalmente.
Querer bagunçar tudo.
Sabe a hora exata,
E nem se queixa em esperar.
Espera, ansiosamente.
Mas, sem qualquer reclamação.
Cutuca quase inocente,
À espera do objetivo alcançado.
E sabe que o alcança rapidinho.
Perturba minha conexão mental,
E põe-se a festejar.
Por seu poder telepático persuasivo.
Tem desejo de correr ao encontro.
Mas, não.
Não apressa o passo.
Nem um pouco.
Por muitos motivos.
Por não ser tão liberto assim.
Então, morre solitariamente às duas da madrugada.
Com frio e excitação a mesclar a alma.
Perturba, confunde.
E some.
E esse sumiço é assustador.
Mostra uma felicidade estampada,
Quando nem é tão feliz assim.
Esconde-se, sobrepondo qualquer vestígio.
É imoral e mortal.
Como a grande maioria dos homens.
E creio que isso me confunda, também.
Por crer no contrário.
Perturba meu juízo.
E por vezes, consegue.
Mas, não pode.
Não é justo.
É ser leviano consigo e comigo.
Não é assim que a banda tem que tocar.
Não mesmo!
O correto é fugir.
É permanecer inerte.
Mesmo que isso me custe algo.
Mas, diga-me como?
Qual a fórmula para eu me afastar?
Enxergar tão somente elos negativos?
Difícil.
Em especial com o sorriso aberto, estampado no rosto.
Difícil fugir por completo.
E então, numa briga de gato e rato com minha consciência fico eu.
E todas as regras?
Talvez eu me desvencilhe delas, mais um pouco.
Talvez meu pecado me leve ao inferno, depois da morte.
Ou talvez eu seja perdoada,
Simplesmente por crer em toda forma de amor.
Não sei.
Não há como saber.
O que me resta é fechar os olhos, respirar...
E duelar comigo mesma.
Ora querendo ficar, ora fugindo.
Inconstância?
Talvez.
Acho que no fundo somente expressão física

De um querer meio fora do eixo...

Rumo



Preciso encontrar um rumo.
Uma forma de lhe dizer que não é possível mais.
Que o coração desencantou.
Que a pele não arrepia como antes.
Que os feromônios não aguçam.
Que as cantadas não atiçam.
Foi tudo muito bom.
Mas, foi-se.
Como pipa ao vento, foi ao ar.
Sem rabiola a segurar as varetas.
Sem sustentação que me mantivesse presa.
Desprendi-me de tal forma
Que nem as lembranças encantam.
É você estranho para minh’alma.
Uma estranheza sem tamanho saiba disso.
Não há mais por que.
Não há quê que dê um salto, ao menor olhar.
Os telefonemas eu deixei de atender.
As cartas eu não leio mais.
Os e-mails eu apago todos.
Sem o menor “click”.
Passou como vendaval.
Fez varrer meus pensamentos.
Confundiu-me de mim mesma.
Todavia, eu me reconstruí.
Com a ferocidade de um tigre em meio à selva.
Busquei nas coisas suas guardadas na gaveta
Algo que me fizesse ficar.
Mas, não.
Não encontrei nada de grande valia.
Apenas rascunhos de um querer, sem querer.
De um não querer perpétuo.
De uma aventura desventurada.
Desgovernada, bagunçada ao extremo.
O querer precioso foi ficando de lado.
Deixado para cada vez que fizéssemos sexo.
O satisfazer sexual ainda valia.
Contudo, também deixou de valer...
Ao ver você suspirando, sozinho.
Sinal que não era eu mais seu suspiro.
Então, fui me redescobrindo.
Sentindo minha pele perfumar-se novamente.
E hoje a sinto toda cheirosa.
Sem seu estímulo para tal.
A questão não é ficar.
É querer ficar.
E esse querer não floriu mais minh’alma!
Não sustentou mais as sensações.
Talvez seja hora de dar passagem ao raiar do dia.
De ir buscar brilho em outro sol.
Não que seu astro-rei não brilhe.
Mas, não me ilumina na mesma intensidade de antes.
Não me aquece mais.
E eu preciso de calor!
Sou movida a pulsar de sentimentos.
E os nossos já não criam mais raízes.
Mofaram em meio às águas sujas.
É preciso reciclar.
É preciso deixar as janelas abertas, renovar os ares.
É preciso que eu me recolha,
Que eu me afaste.
Para que você compreenda
Que não mais lhe faço parte.
Pertenço a mim.
Não mais aos seus quereres tortos.
Preciso que compreenda isso.
Por bem.
Por ser mais fácil.
Para evitar transtornos.
Para que continuemos os traçados.
Para que saibamos dar continuidade.
É preciso que você compreenda.
É preciso que você siga.
Para que eu consiga seguir, também.
Sem remorso, sem piedade.
Sem maiores preocupações.
Sem futuras frustrações.
O amor não encantou mais.
Mas, não é preciso deixar de acredita-lo.
É preciso apenas fazer-se reciclar.
Para continuar crendo piamente no poder da troca de olhares.
Não nos completamos mais.
Contudo, a felicidade está à porta,

À espera do convite.

domingo, 10 de novembro de 2013

Bailarina



De costas ao espelho,
A dançarina termina de se arrumar.
Ajeita o corpete todo pregueado
E também a saia rodada.
A sapatilha de ponta perolada
É o quê todo especial.
Posta sobre a cama, espera.
Espera a coragem chegar.
O rubor se esvair.
Talvez essa seja sua melhor apresentação.
Deve subir ao palco já com as estrelas no céu.
Maquiada como princesa,
Com direito a coroa e tudo.
Ama o deslizar dos passos em meio ao tablado.
Num rodopio todo de menina-moça.
Faz isso de olhos fechados,
Por não precisar de mestre.
Nasceu com maestria corpórea n’alma.
Baila o que lhe pedirem.
Mas é a música clássica que a alimenta.
Alimenta-se do vento batendo nas asas, alçando voo.
E voa alto.
Onde os sonhos alcançam chegar.
Toca o céu na ponta dos pés,
Apenas com o fechar doa olhos.
É bailarina dos anjos, arcanjos e querubins.
Simplesmente por crer neles.
Em seu poder sobrenatural.
Expõe-se minimamente, mesmo com o xaxado nos pés.
É toda envergonhada, já na fase adulta.
Prefere as melhores sensações a sete chaves.
As piores procura esquecer, dançando.
Dança, dança...
E nem sente o cansaço das pernas.
Faz isso como ninguém.
Desde pequena.
Simplesmente por ter sido abençoada para tal.
Tem o dom das artes nas veias.
E nas pontas dos pés.
É toda encanto, ternura.
E ainda poço de bondade.
Foi agraciada pelo Pai e pela Virgem,
Ao pisar nessa terra entristecida.
E agradece a hospedagem assim...
Dançarolando o bem d’alma.
Contagiando o universo com olhares de paz e amor ao que faz.
Faz porque gosta.
Ou melhor, ama.
E quem adentra seu coração é ser privilegiado.
Pois o pouco de tempo livre dedica-os.
Intensamente.
Como em tudo o que põe as mãos.
É doçura em forma de gente.
Gente em forma de anjo.
Anjo em forma de missão.
Missionária de ponta de pé.
E olhar refinado.
Um ser e tanto...
Essa é ela, a doce garota de asas escondidas.
Asas a voar,
Na próxima apresentação.
Na próxima chamada aos palcos d’alma...
Coisa da bailarina,
Que põe o coração à frente.
E faz o sinal da cruz
Antes de qualquer apresentação,
Por menor que ela seja.
Coisa de quem ainda acredita
Que a passagem é cara

E a viagem dever ser aproveitada ao máximo...

Convite



Convida-me a entrar.
A uma taça de vinho, um copo de refrigerante.
A deitar em sua cama.
Nua, ou não.
A ler seus pensamentos.
Afinal, nisso sou boa.
Além de outras coisas, por você desconhecidas.
Posso lhe mostrar as cores do arco-íris,
Numa simples troca de olhares.
Posso lhe levar aos Himalaias,
Apenas me abraçando.
Sou toda sentimentos.
Das palavras todas postas e sobrepostas.
Das subjetividades subliminares.
E posso dividir isso com você.
Basta que me convide a entrar.
A adentrar-me em seu mundo.
Algo peculiar, particularmente diferente.
Basta que aceite minhas manias, imperfeições.
Seria hipócrita se não as dissesse.
Além de hipócrita, superficial.
E lhe garanto que detesto superficialidades.
Sou das profundezas.
Com sol ou não iluminar a trajetória.
Sou ser profundo, misterioso, certas vezes.
Não todas, mas algumas.
O mistério é certa forma de pecado.
E o pecado é algo a se questionar.
Afinal, até onde vai o meu e o seu pecar?
Até que ponto é pecado, e não expressão interior?
Convide-me a um chá com biscoitos.
Coisas dos tempos das vovós fofinhas e encantadoras.
Aconchegue-me em suas ideias.
E me deixe fervilhá-las, no meio da noite chuvosa e relampejante.
Daquelas de despertar medo e instigância.
Faça com que minhas curiosidades sejam sanadas.
Pois sou das curiosidades peculiares, também.
Não todas, algumas em especial.
Abra a porta.
Deixe-me entrar.
Convide-me a sentar.
Ponha-me a imaginar.
Sou das imaginações, todas.
Sem exceção!
Convide-me.
Sem receio do que possa haver.
Do que esteja por vir.
O medo é dos covardes.
E duvido que esse seja seu melhor papel.
Abra-me.
Decifre-me.
Dissolva-me.
Convide-me, despretensiosamente.
E a pretensão eu acrescento...
Como quando dos torrões de açúcar,
A adocicar o refresco e a prosa.
Refresque-se.
Assopre-me.
Deguste-me.

Estou à espera do seu convite!...

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Quando a gente cresce...



Quando a gente é criança,
Crê em contos, fábulas e duendes.
Então, a gente cresce,
E vê que os duendes não existem.
Que as fábulas são histórias da carochinha.
E os contos, nem sempre são de fadas.
A gente espera tanto,
E o tanto nem é tão grande assim!
É menor que a meninice
Dos tempos de ralado no joelho, das desavenças de criança.
É mais rápido que bala de goma colorida.
Um piscar de olhos...
E lá estamos nós a perder a crença.
A gente deixa de acreditar,
Por medo de quebrar a cara.
E gente esquece os sonhos,
Por crer ser esse o melhor caminho.
Mas, não.
Não deveria ser esse o final da história.
Afinal, o autor acaba o livro com final feliz.
E o “the end” é musicalizado ao som de alegria.
A gente cresce e fica grande.
Grande demais para sentar no chão com o filho.
Grande demais para jogar bola, videogame.
As bonecas, agora encaixotadas,
São apenas lembranças de um tempo bom.
Deveriam estar expostas, na prateleira.
Mas, empoeiram-se nas caixas de papelão velho.
Como nós.
Empoeirados pela mesquinhez da modernidade.
Julgamo-nos “moderninhos”
E bem chupamos mais o picolé da preferência.
Aquele que nos lembra do beijo da namorada.
Aquele com gostinho de aventura proibida.
Não nos preocupamos em comer o bolo da vovó
Nem o macarrão de sopa de letrinha,
Que só a doce mãe sabia preparar.
Vamos nos expondo em redes sociais
E mal damos “bom dia” ao nosso cônjuge.
Coisa da modernidade.
Que tem filho mandando pai àquele lugar, na maior descompostura.
Coisa de pai e mãe
Que carrega o pimpolho no boteco
E a filha na balada aos doze, treze anos.
Para que eles aprendam a viver.
E então, eu me pergunto:
Que viver, Deus meu?!
Um viver tão mal vivido.
Sentido nas entranhas, ao abuso do sexo fácil?
Ou ainda mal visualizado, pelo teor alcoólico elevado?
A gente cresce e fica besta.
Besta por agir pior que a ignorância.
E ainda ignorante, julga-se sábio.
A sabedoria é joia rara, coisa quase divina.
Não se compra no pacote de preservativos,
Nem nos rótulos de destilados, vendidos por aí.
Adquire-se à linha correta,
À conduta exemplar.
Não somos de todo perfeitos, certamente.
Mas, não devemos “chutar o balde” à ignorância nossa!
Ser ignorante é aceitável.
Tornar-se idiota é supérfluo.
Supérfluo e altamente passível a críticas.
E depois a gente ainda critica os outros,
Dizendo que somos educadíssimos...
Que mamãe ensinou os bons costumes.
Ah! Sim! Claro...
Ela pode sim ter ensinado!
Já quanto ao uso...
Melhor pular essa parte.
À medida que os sonhos são descrentes
A ignorância sobressai-se.
Então, sonhemos mais!
Para que tenhamos menos burros de terno e gravata
À disposição da raríssima clientela de transeuntes
Que ainda preza pela alta diversidade imaginária,
Pela farta gama de sonhos bons a realizar.
Sonhos de criança grande,
Que esperou a vida toda
Pelo cavalo alado, à soleira da porta.
Ou pela fada do dente
A nos trazer a melhor moeda,
À menor janelinha bucal...

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Olhos do Coração




Para ver as belezas da vida
Não é preciso óculos de grau, de sol.
Nem ser quase um lince.
É preciso mais.
É preciso enxergar com os olhos do coração!
Aqueles que você quase não usa!
Aqueles que você baixa, quando lhe olham...
É preciso respirar bem fundo
E, com a visão ou sem ela,
Deixar a intuição falar com a gente.
Aquela “anteninha” pequenina
Bem no alto da consciência.
Que mesmo com chuvisco, pega que é uma beleza!
Contudo, a gente teima em não prestar atenção.
Teima porque é bobo.
E quebra a cara, bonito!
Depois sai com o rabo no vão das pernas,
Com cara de cachorro pidão, querendo ajuda.
Mas, toda ajuda só deveria vir se realmente merecêssemos.
Caso contrário, deveríamos ir batendo, até moldar.
Somos inflexíveis.
Embora saibamos nos envergar quase até ao chão.
Porém, não há quem goste de mostrar o “pandeiro”, numa queda brusca.
A reação é correr se levantar, fingindo nada ter acontecido.
Ou ainda dar o sorriso amarelo,
Com toda a vergonha do mundo.
Vergonha de quê, pergunto eu?!
Se a antena estivesse conectada,
Talvez a queda fosse somente queda.
Sem maiores proporções, propensões e hematomas.
Todavia, a gente por ignorância e soberba
Prefere não ouvir a “vozinha” que martela na cabeça.
Prefere não enxergar com os olhos do coração.
Espera demais dos outros,
Como se os outros fossem obrigados a nos servir, todo o tempo.
E nós? Jamais!
Quando o coração vem à frente,
Os olhos brilham de diferente forma.
A alma enleva-se, sobressai e volita!
Simples assim.
Porque não há fórmula mágica.
Não há botão de controle de humor.
O que há é o sentir.
As sensações, táteis ou não.
Audíveis ou visuais.
É isso que nos põe seres melhores.
É isso que nos orienta à felicidade.
E quem não quer ser feliz?
Senão completa, quase que perfeitamente?
Para tanto, o destino nos orienta, todo o instante.
Cabe a nós perdermos o medo, a arrogância,
E num largo sorriso
Prestar atenção aos olhos do coração...
Aos conselhos d’alma...
Aos vagalumes todos reluzentes
Que piscam, em noite de céu de brigadeiro.
Os pequenos detalhes são os quês.
E os porquês?
Os porquês a gente encaixa, como num quebra-cabeça,
À medida que encontra peça por peça,
Na enorme caixa da vida!...