Com colar de
pérolas adornando o colo, enrugado,
A senhora de
vestimenta impecável recepciona.
Passou meses
preparando tal festividade.
E espera
olhares de aprovação quase que imediata.
É dona de
patrimônio alto.
E tampouco
se preocupa em adquirir mais moedas.
É feliz com
o que tem nas mãos.
Anfitriã com
qualidade à mostra.
Veio de vida
difícil, quase paupérrima.
E foi se
elevando, suor a suor.
Conquistou
império, criou fortuna,
Mas é igual
a todos.
Não vê seus
subalternos como tal.
São quase amigos
de infância.
Não é
demagoga, nem hipócrita.
Apenas
alguém com o bem no coração.
Esperou
muito tempo para festejar.
E fez
questão de chamar quem pudesse.
Para
celebrar um de seus últimos anos.
Sabe que
seus dias estão contados.
E nem assim
desanimou.
Em nenhum
momento.
Amou a vida
e os seus com tamanha intensidade
Que não
deixou brechas para dizerem o contrário.
Fez de seu
viver poço de virtude, quase impecável.
Buscou
sempre a satisfação do que lhe deixava feliz.
Nada, além
disso.
É dona de educação
exímia.
Fruto do
educar de sua mãe, simples.
Cresceu sem
pai, nem o conheceu.
Também não
fizera questão disso.
Não julgou
necessário saber de onde viera, para ascender-se.
Ascendeu com
a força de seu suor, gota a gota.
E com o amor
dos seus em seu coração.
Fez-se
presente, mesmo na ausência.
Fez-se
soberana, sem erguer meio tom de voz.
Embalou
histórias de biografia.
E biografou
muitas das histórias ouvidas,
Nos diários
velhos e adornados.
Desde menina
guardou em folhas amarradas
As melhores
e piores amarrações de seu viver.
Nunca
questionou o que recebera.
Dizia
ser-lhe ofertado apenas o privilégio que pudesse retribuir.
E retribuiu
cada encantamento.
Docemente.
Com uma
educação de dar aquela inveja boa.
De ficarem
horas admirando.
Foi dona de
si própria.
E também
companheira de seu amor de juventude.
Casou-se
cedo.
Por crer no
amor antes de tudo.
Teve filhos,
netos e bisnetos.
Deixou um
legado muito bem formado.
É de toda
respeito e ternura.
Esperança e
ensinamentos.
É noite!
As luzes já
estão acesas.
Os
candelabros bem brilhantes
A reluzir
toda uma felicidade de vida.
É chagada a
hora de discursar.
De dialogar,
apreciar o festar dos oitenta anos.
Anos muitos
de uma lucidez
Que mais
parece juventude d’alma.
É senhora na
idade avançada, cronologicamente.
E também
mocinha dos tempos do vestido branco rendado.
Já não
espera tanto da vida.
Apenas o
término triunfal
E o
reencontro dele que, um dia, chamou de amor.
Sabe que vai
em breve.
Mas, não se
decepciona.
Apenas agradece
ao Pai por tudo.
E pede uma
nova recepção tão calorosa
Quando o
salão principal da festa
For em meio
às nuvens branquinhas...
Tão brancas quanto
seus cabelos.
Tão leves
quanto sua existência entre os homens.
Tão doce
quanto algodão doce colorido em palito.
Porém, é
hora de festa!
E o lema é
aproveitar!
Simples assim.
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