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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 14 de novembro de 2021

Desordenada...




São quinze horas e vinte e quatro minutos. Eu estou enrolada na toalha branca, com uma dor de cabeça que me persegue há dias. Menstruada, sigo só de calcinha e absorvente, sentada na cabeceira da cama, olhando os minutos no relógio da cômoda passarem. E estou tentando entender as coisas da vida...

Uma vida rumo aos trinta e sete, com grande parte rodeada de incógnitas e decepções. 

Na infância, os desvarios do pai alcoólatra. Na adolescência, a solidão interna, os desamores, as desilusões.

Na fase adulta, um turbilhão de responsabilidades que fazem com que a massa encefálica funda, vez ou outra.

Olho para a TV ligada, ecoando som baixinho... No volume dois – sou misofônica. E tudo se mistura dentro de mim.

A angústia abafada num lacrimejar sem choro. A saudade de algo inacabado, impossível de ser vivido e revivido pelas desventuras do tempo. A vontade de viajar quilômetros de distância, em prol de um momento de paz e felicidade. 

Mas, qual felicidade? A que não me acompanha, mesmo eu pedindo a Deus um minuto de tempo parado, sentido à flor da pele?

Não sei a que vim. Não sei quando vou. Eu apenas sei que quando for, talvez não seja Deus quem me receba de braços abertos...

Talvez eu esteja sufocando meus gritos, meus frutos, minhas frustrações. E esteja morrendo aqui, de olhos abertos.

Hoje minh’alma pede um colo. E não há um par de pernas onde eu me recoste. 

Hoje meu coração está ferido, perdido, inundado por um limo tão grosso, que não consigo me desgrudar desse visgo todo.

Hoje o desabafo. Solitário em meio às palavras, minhas fiéis companheiras...

Aqui o peito dói. A cabeça toda, depois de diversos calmantes, a fim de remediar a vida, reordenar as coisas.

Todavia, reordenar o quê? Se eu não consigo sequer não sentir essa angústia abafada dentro de mim?

É preciso reabrir o sorriso. Amanhã ou depois o trabalho exigirá mais uma vez um sorriso estampado no rosto...

E agora, Deus? Como driblar tudo isso dentro de mim? Se eu desaprendi a acreditar em milagres, nas promessas das pessoas?

Sinceramente, não sei como e por onde buscar... 


sábado, 13 de novembro de 2021

Carta para alguém que eu amei...




Começo essa carta da pior forma possível. Desistindo de tentar.

Mas, antes que você me crucifique, vou dar os meus motivo para tal. 

Quando conheci você, tive a oportunidade de enxergar sua alma. Uma doce vibração cósmica de alguém machucado pelas dores do amor. E isso foi algo magnânimo, embora surpresa para mim!...

E aos poucos, pude conhecer sua vida. E ficando cada vez mais encantada com o brilho de uma pessoa especialmente guerreira.

O sentimento fora crescendo, na contramão do que eu considerava ser certo. Porém, o que é certo, quando em se tratando do coração?

Não sei. Freud nunca me explicou, mesmo sendo o pai da psicanálise...

E por falar em analisar, tenho que lhe dizer que foi exatamente isso que eu fiz, ao abrir a porta do quarto, naquela tarde de sexta... Analisei o que os olhos podiam enxergar. E também o que a alma sentia.

Analisei. Como quem observa uma prova de matemática financeira e diz: “e agora?!”... 

Tive todos os receios do mundo. Tive todas as vibrações dentro de mim, ao olhar nos seus olhos e sorrir de canto de boca...

Sabia que ali eu estaria perdida. Ou talvez tivesse me encontrado. Não sei. Só sei que tudo foi aprendizado. Que cada palavra, cada gesto, cada sorriso, cada choro, cada palavrão, cada elogio, cada xingamento, cada medo, cada segundo... Cada coisa vivida foi um aprendizado.

Aprendi que o amor pode vir e ir embora, na mesma velocidade. Que ninguém manda no coração. E nem nas pessoas. Tampouco nos seus sentimentos.

Aprendi que eu não sou o que você procura. E que eu procurei demais por alguém que não me procurou. 

Aprendi que a reciprocidade, a cumplicidade, o romantismo, a entrega são fatores fundamentais para se haver amor. Para se querer ficar.

E você nunca quis ficar. 

E eu queria muito que você ficasse...

E você, como boa teimosia, preferiu colocar tudo a perder, quando resolveu salvar a humanidade, deixando a mim órfã de seus cuidados.

Pedi infinitas vezes por cada olhar. E seu horizonte fora outro. Pedi e perdi as contas das vezes em que eu quis um pequenino pedacinho do seu dia. E você me dizia ser profissional.

Um profissionalismo tamanho, esquecendo que eu não era sua colega de serviço. Que eu era a mulher que houvera feito de tudo para estar com você.

Mas, agora é só uma lembrança que tenho comigo. É só uma pessoa que eu vou guardar para sempre aqui, no cantinho esquerdo do lado sul do meu coração... De ponta cabeça, como me deixara.

Sem cabeça feita, porque bagunçara tudo o que eu tinha acomodado dentro de mim, há tempos muitos...

Hoje, depois de tudo isso, só me resta agradecer por tudo. E por nada. Porque não houvera vínculo. O que houve foi o desejo de me vincular a sua alma...

Todavia, não sabemos os desígnios superiores. Não sabemos os motivos de Deus em colocar e tirar de nossas vidas as pessoas.

E você se foi. Na mesma proporção que veio. 

Não sei o que será de mim de agora em diante.

Só gostaria que soubesse que, mesmo assim, fora você uma pessoa que eu amei... E desisti de amar, por justamente acreditar no amor como sendo a fonte de energia vital do homem, enquanto ser humano... E para haver amor, você precisava querer estar aqui. Coisa que você não fez...