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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sábado, 2 de agosto de 2014

Armanni



Com vestido de amarrar nas costas,
E cabelo impecavelmente arrumado,
A pobre menina de família observa por trás da cortina a vida passar.
Não é dona de si própria.
Por viver em tempos de antigamente.
Não conhece os seus melhores sabores e aromas,
Por não poder dar um passo fora da linha.
Debruçada na sacada, espera o grande amor passar.
Talvez ele apareça, talvez não possa.
Será que ficará prisioneira pela vida toda?
Parada, à espera da felicidade?
Dona de tristeza nos olhos,
Toda ela contida nas lágrimas sufocadas no enorme travesseiro
É filha da austeridade,
Sequestrada de si mesma.
Não pode cogitar qualquer fuga.
Passa os dias a fazer as vontades dos outros.
E nem pentear os próprios cabelos pode.
Tem alguém que lhe faça companhia e as vontades.
Mas, as suas próprias vontades ficam debaixo do cobertor.
Sabe que não pode esperar demais dos outros.
E não espera.
Nem de si mesma.
Não quer alimentar falsas esperanças.
Não quer e não pode.
Talvez um dia possa.
Numa próxima vida.
Quando não tiver tanta austeridade lhe rodeando.
Quando não sentir as amarras lhe prendendo a vida.
Hoje, apenas observa...
Observa e espera.
O desenrolar dos momentos.
O viver dos sentimentos, contidos.
O desembramar de um viver pela metade.
Um dia talvez transpasse tudo isso.
Pela força do amor.
Pela fé em ir além.
Pela coragem em expressar-se.
Hoje, apenas observa.
Sem forças para lutar contra.
Sem querer contrariar quem quer que seja.
Observa e reza.
Quem sabe Deus a escute.
E a salve.
De seus devaneios pecaminosos.
De seus delírios quase enlouquecedores.
Quem sabe...
Não sabe!
Só espera e observa.
Por trás da cortina.
Por entre os quereres.
Por um quase viver pelos outros.
Assim.
Sem enfeites, sem observações.
Sem nada além do cansaço.
Sem mais...

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