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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 24 de agosto de 2014

Partida



Já tentei prever suas atitudes e não consegui.
Você é imprevisível demais para que eu a decifre.
É inconstante demais para que eu lhe constancie.
Nunca gostei de bajular ninguém.
Mas você me fez insano.
Deixou-me à beira da loucura,
Onde não mais reconhecia minha face no espelho.
Perdi minha identidade.
E, perdido, pus-me ao seu dispor.
Num eterno jogo de gato e rato
Fez o que pôde com minha memória.
E eu quase pulei do precipício por você.
Estive por um triz.
E num estalo ao encontro da morte,
Pude recobrar minha sanidade.
Vi que não valia a pena continuar
O que nunca nem houvera começado.
Foi um erro sua permanência, todo esse tempo.
Pus-me ao seu deleite.
E nem um pires de leite me dera!
Morri à mingua, com fome de sentimentos.
E eu sou todo sentimentos.
Minha mãe me ensinara isso desde sempre.
E conselho de mãe é sagrado...
Acordei a tempo de ver sua real face.
E hoje ainda me pergunto
O motivo de tanta falta d bom gosto.
Justo eu que fui criado nos moldes tradicionalistas!
Deixei-me influenciar por poucas sensações de satisfação.
Isso quando você se dispôs a satisfazer-me antes de a si mesmo.
Acordei a tempo da salvação.
E ao ver-lhe caminhando pela rua,
Pergunto-me o que me houvera acontecido, durante tanto tempo.
Perdi a paciência da subordinação.
Decidi ser dono de mim,
A ficar acordado a noite toda, esperando sua farra acabar.
Pus mel em seu chá de hortelã.
E hoje se pudesse teria posto gotas de “semancol”,
Para que tivesse percebido que era eu sua melhor escolha.
Tarde demais para escolher a mim, de novo.
Fui ser feliz ao meu modo.
Sem sua sombra a me consumir.
Sem hora para preparar o café da manhã.
Sem comprometer-me com algo que não valha a pena.
Querendo apenas o que tiver valia.
Pus-me a olhar no espelho e enxergar-me.
Sem medo do que estivesse refletido.
Se há rugas, elas são sinais de vivência.
Se há confusão dentro do peito, ela também passará.
Se não num piscar de olhos, ao melhor tempo.
Cada momento vivido é guardado.
E à partir do dia em que lhe entreguei ao fogo, preferi jogar as lembranças.
Queimá-las talvez lhe afaste dos meus pensares.
E eu anseio só por pensamentos bons.
Nada além deles.
Joguei-lhe ao fogo da inquisição,
E virei às costas.
Para não me arrepender.
Para não tentar apagar com as mãos as chamas.
Deixei  as brasas queimarem até o fim.
Para que não mais tivesse vestígio seu em minha memória.
Os chás, joguei todas as caixas.
Agora, um saco de laranja já me satisfaz o paladar.
As fotos, os perfumes, os travesseiros...
Tudo fora para o lixo.
É chegada a hora de amar a mim.
Solitariamente.
Antes só que em má companhia.
E você definitivamente não fora o que esperava que fosse.
Mas, foi-se.
E isso já basta!

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