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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 6 de julho de 2014

Reticências



Há quem diga ser racional todo o tempo.
Pois eu sou emoção.
Sou das reticências todas a enfeitar.
Dos três pontinhos a não terminar.
Não gosto do ponto final.
Fomos apresentados ainda na infância.
Mas, não nos tornamos velhos amigos.
Talvez conhecidos, daqueles de se acenar vez ou outra.
Fiz amizade cativa com as reticências.
Tornamo-nos confidentes absolutas.
Seja nas palavras rascunhadas na folha em branco,
Seja no decorrer das ações cotidianas.
Embora não goste muito de rotina,
Pratico o exercício de ter tudo sob controle.
Para eventuais desvios do caminho.
Sou reticências todas,
De um viver todo sem resolução formulada.
Emoção caminha comigo,
Como namorado aos quinze anos.
E não há emoção sem reticências.
Sem aquelas perguntinhas do “e agora?”...
Do não terminar o terminável,
Só pela sensação de estômago doer.
Uma dor de ansiedade
Em virar a próxima página
E encontrar personagens conhecidos, novos...
E as páginas vão virando, virando...
Por vezes, na velocidade da luz.
Noutras, pela força do vento tranquilo da manhã.
As reticências dão um toque de glamour.
Mesmo quando a gente veste trapo.
Aquela sensação da continuação sabe-se Deus quando, faz a gente imaginar.
E a gente imagina mesmo!
Fantasia, confabula, concatena.
Termina ou deixa para depois terminar.
Quando a alma “der na telha” de retomar o que fazia.
As reticências me fazem parte.
Fazem-me arte das mais complexas.
Escrevem por mim, deixando pedaços meus pelo caminho.
E confesso não me desdobrar por completo quase nunca.
Prefiro a instigância da surpresa,
A ter tudo estigmatizado estrategicamente.
Sou das reticências.
Dos pontinhos três que não terminam nada, quando surgem.
Da falta de tempo em terminar.
Da preguiça em pôr um ponto final.
Sou das reticências, todas.
Quantas eu puder usá-las!
E não me venha mudar meus pontinhos de lugar.
Quem decide o que acaba e o que permanece são elas, minhas doces reticências...


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