Uma e meia da manhã.
Lá fora, o vento uiva sua fúria.
Aqui, dentro de mim, urro meu desejo mais selvagem.
Debaixo do cobertor me contorço, relembrando sua voz me
percorrendo.
Como não recordar cada palavra posta sobre a pele?
O contorcionismo toma conta das entranhas.
À medida que anseio sua visita a minha cama.
Todavia, está longe demais do perfume que exalo.
Longe dos meus cabelos curtos e acastanhados.
Dos meus olhos meio verdes, meio amendoados.
Segue distante e aqui, debaixo do meu cobertor.
Quase posso sentir sua força, sua febre.
A querer fazer de mim seu bibelô.
Seu brinquedo do momento.
Sua diversão mais prazerosa.
E então, divirto-me por nós dois.
Num frenesi de movimentos manuais que quase me enlouquecem.
Quase nada, enlouquecem-me!
Perco-me em meio à maciez dos lençóis de algodão percal
cento e oitenta fios.
No meio da minha própria maciez.
Sei cada cantinho a excitar.
Em troca de seiva de um prazer regado a saudades.
Ah! Se estivesse aqui!
Se adentrasse em minha mais louca excitação!...
Em especial em noite de frio a bater na janela.
Mas, não há a menor possibilidade de tele transporte.
O que resta é o idílio.
O profundo imaginar de sensações, de posições e poderes.
Pode me renovar às energias,
Fazendo com que eu me perca em meio ao sexo.
Posso lhe fazer perder boas horas de uma noite mal dormida.
Podemos fazer parte um do outro, ou nem fazê-los.
Basta que a coragem em encurtar a distância esteja ao
alcance.
Basta que a alcancemos com a ponta da língua, toda adocicada.
Num mexe-mexe quase que profissional,
Danço sobre suas coxas como que à procura do “mexer com
fogo”...
Atiço, persisto e percorro com as mãos, com os lábios...
Até cair de boca no falo ouriçado pelo perigo.
Freneticamente, me toma e devora.
Especula e saracoteia a seu bel-prazer.
Faz com o céu chegue pertinho e alma vá tocá-lo e volte, em
segundos.
Joga-me na cama, de costas, e me beija a boca.
Como forma de agradecer o amor recebido em êxtase.
Como forma de dizer que foi bom, que é sempre bom o entrelaço.
É sempre bom quando a noite é longa e ao seu lado.
Contudo, você não está aqui, para me esquentar.
De todas as formas possíveis.
Com todas as estripulias manuais, labiais e sexuais que tão
bem sabe o caminho.
O frio lá fora uiva sua fúria.
E eu, depois de urrar seu/meu desejo em tê-lo em minha cama,
Adormeço feito criança.
Para sonhar os sonhos pervertidos.
Para adornar um pouco mais as pitadas de loucura que me
causa.
É frio e aqui, debaixo do cobertor, adormeço.
Como vim ao mundo, nua e crua.
À espera que você ainda chegue, sorrateiro.
Será que você vem?
Eu aguardo ansiosa, devaneando e tateando suas peripécias...
Aguardo e sinto.
Sinto, aguardo e adormeço...
Nossa lindo perfeito...se fosse comentar o que senti lendo seu texto maravilhoso seria um novo texto!foi de tirar o folego e suspirar!PARABÉNS!
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