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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 29 de setembro de 2013

Maria dos Anjos



De barriga no fogão de lenha,
Com chinelo de dedo gasto pelo tempo,
A Maria dos Anjos segue seu caminhar.
Os tantos anos de vida
Já quase dobram o “Cabo da Boa Esperança”.
Contudo, segue firme em sua missão.
A de cuidar dos seus como lema.
Carrega no peito a força.
E nas mãos, os calos da experiência.
Traz n’alma os sonhos...
Com ouro e pó a adornar.
O ouro dos tempos de grande valia.
O pó do envelhecer quase solitário.
Tem alguns para chamar de seus.
Contudo, pouco se sente à vontade.
Gosta mesmo do piar dos pássaros.
E de sentar no degrau mais alto da escada.
Olhar o sol caindo, depois do trabalho.
Do trabalho dele e dela.
De moda de viola, pouco gosta.
Curte mesmo é as modinhas do seu tempo de menina-moça.
Quando arrancava suspiros dos moçoilos da região.
Casou-se com Augusto dos Anjos.
Mas, não aquele todo famoso.
Era apenas o filho do Afrânio da quitanda,
Sem muita freguesia a oferecê-lo como presente.
Teve Joana como sogra.
E Margarida como cunhada.
Hoje já enterrou todos,
Restando apenas a “sobrinhada”.
Não teve filhos para não estragar a beleza.
E hoje se arrepende toda.
Ficou sem a juventude.
E sem alguém para dizer ter embalado desde pequeno.
Vive no pé da serra,
Em meio a hortas e plantações.
Do pouco que ganha,
Sustenta a si e aos pombos.
Uns dois cachorros matreiros
A latir ao som da coruja velha.
E o chacoalhar das árvores na madrugada gelada.
Está no fim da jornada,
À espera do Deus Pai, Todo Poderoso.
Não sabe quanto tempo lhe resta.
Nem a quem deixará seu pedaço de chão.
Essa é Maria dos Anjos.
Viúva de Augusto dos Anjos.
Célebre pobre mortal sabe Deus do que...
Num fim de mundo onde o vento faz a curva.
De história peculiar.
Contada por alguém que se atreve em meio às linhas,
Para quem sabe, lá na frente,
Ter sua própria história em folhas de livreto...

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