Olho marcado. Delineado e com brilho. Boca em tom amora. Meio dark. Com mistério no olhar, no beijo, na dança. Um par de castanholas ou um véu voal a esconder a pontinha do nariz, enquanto as medalhas chacoalham ao som árabe de uma dança do ventre.
Com bustiê de pedrarias ou vestido de rodar. É assim que me apresento para dança. Para o palco. Para a vida.
Gosto de exercitar o quadril. De demarcar meus passos, firmemente. Com salto e bico de ferro, ou com pés descalços e tornozeleira de figa.
Fisgo com os olhos vidrados. Sem perder o rebolado. E rebolo, dando meu melhor! Enfeitiço com perfume, óleo corporal ou água de cheiro. Ao odor de rosas... Sobre pétalas rubras. Num tom marsala, combinando com a vestimenta.
O bojo trabalhado no vidrilho e renda, esconde bicos grandes e rosados. Que enrijecem de frio ou de prazer. Fazer de acordo, quando acordo, é parte do querer.
Satisfazer é meu codinome! Em dias de sangue fervendo, alma Latina.
Lato, ladro e mordo. E deixo meu lado vagabundo ecoar, só um pouquinho! Com gostinho de bala de eucalipto, para refrescar o hálito. Ou com chiclete de morango, recheado para escorrer, depois da mordida.
Mordo. Suavemente. O canto da boca, fazendo biquinho. O pênis escolhido a dedo! Com todos os dedos, e a mão cheia.
Assopro. Enquanto danço. Enquanto lambo, depois de morder... Para que sinta o frescor e enrijeça. Com minha boca. Com minha mão macia e perfumada.
Danço. Impondo meu lado sedutor. Seduzo. Ao som da rumba ou do funk.
Sou do corpo em movimento. Num subir e descer, num giro de cento e oitenta graus, para filmar sua reação ao me ver mostrar meu talento...
De alcinha, com calcinha a rodopiar no dedo indicador. Indicando o melhor caminho para minha zona de perigo.
Sensualizo. Com os cabelos esvoaçando na dança de salão, com cabelos molhados depois de uma batida mais quente.
Esquento, fervo e alvoroço! Como negócio bom da China! Menina com olhar que despe, sem encostar. Mas, encosto... E como encosto!
Viro de costas... E minha coluna está toda alinhada, para que eu dance perfeitamente. Para que eu empine, se precisar. Para que eu desvire, a contar o tom do arranjo.
Arranjo tempo, aventura, música! Arrumo gemido, castanhola, medalha. Com direito a pódio de primeiro lugar e prêmio de vitória e consolação! Porque o terceiro lugar não deve sair sem um agrado de estimulo para melhorar o desempenho.
Empenho-me em mais essa escapadela. Na viela da cidade grande, no meio da tarde, na aula de dança. Com ensaio com o professor e o coleguinha de aprendizado. Acabo a aula, mas não o dia. Hora de voltar ao escritório!
Quem sabe o beijo roubado não vire outra história? Tudo é possível para aquela que adora o perigo a estimular a vida... Deu curiosidade? Aguarde!...
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