Existem coisas que são
tristes, porém belas.
Acalantam-me a alma
Para que eu veja o meio
sorriso
Como algo não tão
estranho assim...
Existem momentos que
são eternos.
Sejam nas lembranças
vivas,
Sejam nas cartas
amareladas pelo tempo.
Existem pessoas que são
especiais.
Talvez nem saibam,
Mas seus sorrisos
E o brilho de seus
olhares
Enchem-nos o coração
de felicidade.
Mesmo que estejamos tão
murchos
Quanto cada pétala da
rosa
Desprendida do buquê
avermelhado
Ofertado pelo amor da
vida
Em dias de plenitude de
sentimentos...
Há amores que são
para sempre.
E nada os substituem.
Nada se faz comparar
Quando as doces
lembranças
Brotam dentro dos olhos
E vêm, suave, deslizar
Por entre as faces,
Parando em meio aos
lábios
Quase que abertos
À espera do gosto do
recordar.
Recordar é viver.
Já dizia o poeta.
E talvez tal pensamento
Seja tão verdadeiro
quanto sentido.
Sentimos com as pontas
dos dedos
Tocadas suavemente, às
escondidas.
Somos feitos de
energia.
E cada energia contida
Em cada ponta de dedo
Emana um pouquinho
Do que vai n'alma.
Somos pequeninos
pedacinhos de estrelas.
Por vezes, brilhamos
com tal intensidade
Que somos os primeiros
a brilhar
E os últimos a apagar
as luzes
Em noites de lua cheia.
Noutras, somos meteoros
a vagar.
Pequeninas pedras frias
e grotescas.
Seres inanimados, mesmo
que haja alma
Como forma de animação
carnal.
Somos feitos de matéria
viva... matéria morta.
Tudo tão mesclado
E, ao mesmo tempo,
Com uma distinção tão
severa!
Átomos desgovernados.
Pedaços de gente
Que, por vezes, não
vale a pena
Juntar com cola
brilhante
Ou mesmo com fita
isolante.
Nada que seja feito
É capaz de enfeitar a
casca,
Quando por dentro
O casulo fecha-se.
E fecha-se tão bem!
E fechado vive
devaneando.
À espera de momentos
belos
Mesmo que enfeitados os
tristes
Com laços de cetim
Ou pedrinhas de
brilhante.
Há momentos que,
enfeitados,
Perduram mais dentro do
peito.
Contudo, quando se
devaneia demais
Corre-se o risco de
morrer à mercê dos próprios sonhos.
Tão à deriva, com
sede do novo
Dos ares tão
distantes.
E com uma fome tão
gigante
Que quase nos consome
as letras
Quando são delas que
precisamos
Para ecoar ao mundo
Que talvez sejamos
felizes
Olhando lá fora pela
janela do quarto.
Vendo lá embaixo o
pobre passarinho
Banhar-se na areia fina
e alva
Da calçada do vizinho.
Talvez sejamos felizes.
Talvez sonhar nos tire
os medos.
Medos do escuro, da
morte,
Dos monstros debaixo da
cama.
Talvez sejamos felizes.
Ou talvez aprendamos
tão bem
Cada dia a camuflar
Seja uma simples dor de
dente
Seja uma enorme dor de
cotovelo
Ou ainda o cansaço que
dá
Aprender a caminhar com
as próprias pernas
Em meio à bamba corda
Que nos é esticada aos
pés
Quando só sol
desponta, horizonte afora...
Muito lindo! Sem palavras!
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