Já
abri meus olhos
E bem
depressa os fechei, novamente.
Já
ouvi música de madrugada
E
também dancei muito
Até
cair, exausta, no sofá.
Já
fucei na geladeira
E não
encontrei algo do agrado.
Já
fiquei horas ao telefone.
Já
tomei banho demorado.
Já fiz
um jantar dos deuses.
Já me
matei de rir.
Já
chorei baixinho, para não acordar ninguém.
Já
pensei em desistir.
Mas,
continuei.
Já me
senti linda,
E
também um lixo.
Já
senti saudade
E
depois vi que saudade
É o
amor que fica.
Já me
liguei na tomada
E já
fiquei totalmente desconectada do mundo.
Já
sonhei ilusões.
E
também já percebi
Que as
ilusões são pequeninos
Torrões
de açúcar
A nos
adoçar as dores.
Já me
acabei de pensar
E
pensei tanto que fiquei sem idéias.
Já
devorei livros e livros
E só
fiz aumentar meus conhecimentos.
Já
meditei por horas.
Em
busca de atingir meu eu interior.
Já
busquei meu próprio eu
E
quando vi, ele já estava longe, longe.
Já
tentei gritar minhas vontades.
Mas,
achei melhor calar.
E por
calar, já sofri e muito.
E por
sofrer, o isolamento.
E por
isolar, as perguntas eternas.
Já
perguntei a Deus o porquê das coisas.
E nem
sempre obtive resposta.
Já
busquei crer na cura, na fé.
E caí
em contradições sobre o assunto.
Já
tentei sorrir sem querer.
Porém,
o sorriso foi tão amarelo,
Que
tive pena de mim mesma.
Já
briguei sem motivo
E com
motivo, também.
Já
fiquei de mal.
E de
muito mal, também.
Já
disse que não perdoaria.
E só
perdoei, depois de anos.
Já
quis um colo, cafuné.
E
acabei sendo eu o travesseiro.
Já
quis adormecer por dias.
Todavia,
já passei a semana
Sem
pregar os olhos.
Já
vivi amores.
E
desamores, por vezes.
Já
quis um filho.
E
também desisti da idéia
Quando
vi que tal idéia era absurda.
Já
quis ser livre.
E
percebi que, na verdade,
Os
pensamentos possuem asas.
Já
quis a companhia de anjos.
Mas
acabei sentando,à prosa,
Com
pessoas pequenas, quase demônios.
Já
esperei na janela
Ver o
pôr do sol
E
entrosei-me na prosa
Que nem
percebi o sol ir-se.
Já
olhei as estrelas, de madrugada.
E
tentei decifrar as constelações.
Já
quis ser gente grande.
E
quando fui, quis mais
Voltar
à idade pequenina.
Já
tentei subir em árvore, andar de bicicleta.
E
percebi que sou frágil demais
Para os
tombos e hematomas
Que
ambos causam na memória.
Já fiz
loucuras.
E já
fugi delas, também.
Talvez
por medo.
Talvez
por querer andar nos trilhos.
Já
soube o caminho a rumar.
E já
me perdi de mim mesma.
Já
andei à esmo.
E já
fui à padaria da esquina
Sabendo
o que buscar.
Já
vivi, revivi.
Busquei,
rebusquei.
Rascunhei
e, por vezes,
Nem
passei a limpo.
Detalhes
de um viver
Tão
recheado por pequeninos quebra-cabeças!
Viver
tão inspirado em poesias, prosas,
Músicas,
mantras,
Livros
e letras.
O doce
sabor do já
Do
detalhe especial
Do
querer estar ali, aí, aqui.
Retratos
pequeninos
De um
álbum
Que
segue completando-se
Dia
após dia
Seja
coberto por purpurinas
Seja
recheado por conchas minúsculas
Encontradas
à beira-mar
Num fim
de tarde triste
E
solitário de outono.
Onde
somente se busca
Encontrar
as respostas exatas
Às
perguntas que a vida faz.
Hoje...
Amanhã...
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