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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Atrevimento



Atrevo-me a querer-lhe.
Numa madrugada comprida e chuvosa.
Cheia de desejo e audácia.
Desejo muito mais que seu sorriso aberto.
Desejo uma recepção tão calorosa
Que me faça arder pelos poros.
Numa febre interna explicitada,
Sentida e quista, mesmo com medicação.
Afinal, não há medicação melhor do que sentir seu calor em minha pele.
Perfumada e macia, visito-lhe vestida de homem.
Escondida debaixo de uma camisa e uma grossa calça social.
De cabelo amarrado, debaixo de um chapéu de canto na cabeça.
E com suspensório a confundir os vizinhos.
Contudo, debaixo do disfarce, sigo despida.
Amo a leveza de uma pele soltinha.
E sei também que ama minha loucura.
Ama sentir meus seios à espera de seus lábios.
E minha excitação à espera do seu desejo todo.
Somos loucos um pelo outro.
E a noite, nossa cúmplice.
Pois, para nós o dia é visível demais a uma descoberta!
E não podemos nos arriscar.
Então, atrevo-me a girar a chave do seu portão.
E a adentrar-me, sorrateira, em seu território.
Agora sou caça.
E você, meu caçador implacável!
Subo as escadas devagarzinho.
E, baixinho, sussurro um “olá!” em seus ouvidos...
Estava dormindo feito criança.
E, ao mesmo tempo em que se assusta, salta-me num beijo de alegria.
É rápida sua ansiedade.
Olha em meus olhos e me pede que o satisfaça.
E eu apenas digo um “idem” como resposta.
Espero satisfazê-lo e satisfazer-me!
Tão rápida quanto sua ansiedade é sua excitação.
E me puxa para debaixo da colcha felpuda.
Onde disputa cada pedaço meu.
Sou sua.
Mas prefere conferir cada milímetro.
Confere audaciosamente.
Com dedos a me procurar.
E com lábios a me devorar.
Põe-me ao seu deleite à medida que me faz perder a noção.
E perco-me em um instante, rapidinho!
Sabe me enlouquecer.
E depois do gozo eufórico, metafórico,
Ainda me beija a boca e a face.
Porém, seu descanso é breve.
E em poucos minutos lá estamos nós num tudo de novo.
A noite voa feito passarinho.
E, quietinho, adormece todo contente.
Preciso, pois, voltar à minha realidade.
Mesmo sem vontade alguma em lhe abandonar.
Amanhã eu volto, na madrugada.
E começo tudo outra vez.
Numa nova vestimenta,
Com pimenta malagueta no Halls que eu chupo.
Para me atrever a perder o controle.
E a deixar que controle meus instintos mais pecaminosos.
Um atrevimento e tanto,

Que vale qualquer escapada noturna de insanidade.

2 comentários:

  1. Palavras picantes, de uma alma pura e sedutora. Ler esse relato me prendeu no presente, imaginando um dia poder receber uma visita dessa maneira, sorrateira e marcante...Parabéns Heloisa, seus textos inspiram o meu "eu".

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    Respostas
    1. Obrigada por suas palavras, leitor meu... Uma visita desse tipo é mesmo que alegra qualquer um...Não é mesmo? Uma visita inesperada, perturbadora... Instigante...
      Sinta-se sempre inspirado em meus textos... Obrigada pelo carinho!

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