Parada,
olhando a imensidão verde e amarela que se forma nos quatro cantos do país,
fico abismada com tamanha força que carrega o brasileiro em se dividir, em
tempos de festividades.
Entretanto,
seria assim também em dias de normalidade cotidiana?
Se você pensar
um pouco, verá que minha pergunta faz sentido. Isso porque quase não se vê a
bandeira flamulando em seu mastro em dias de feira, de pagamento de contas. O
povo pouco (ou nada) se lembra da nação, do patriotismo brasileiro quando falta
pão e leite; quando os boletos vencem; as filas dobram as esquinas.
Muito pelo
contrário. Preferem praguejar Pedro Álvares Cabral por ter desviado sua rota
rumo às Índias, e ter feito morada em meio às terras tupiniquins.
Então, seria
hipocrisia essa coisa toda de “eu sou
brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!”?
Sinceramente,
em partes sim. Porque não devemos nos orgulhar da nação que temos como
gentilícia em tempos de bola rolando e bumbuns arrebitados, em meio ao samba!
Deveríamos, pois, nos orgulhar de fazer parte da nação cheia de estrelas também
em dia de céu encoberto.
Mas, o
brasileiro se orgulha tão somente do que pouco o denota orgulhosamente. Presta
atenção à bola quicando de um lado ao outro da grama, e depois reclama da falta
de comida no prato; das pilhas de contas se formando no final do mês.
Reclama de
tantas coisas e vangloria-se de ser brasileiro em dias de Hino Nacional na TV.
Esquece-se, entretanto, do mesmo Hino Nacional em dia de eleição partidária.
Para tanto, prefere a anulação ou a receptação ilícita de algo que lhe cale a
boca.
E se entrega
ao primeiro “cidadão exemplar” que lhe bate à porta, oferecendo aquela “graninha”
para que as contas do mês fiquem pagas. E se sobrar uns trocados para o churrasco
e a pelada no campinho da vila, melhor ainda!
A hipocrisia,
infelizmente, é algo que põe o brasileiro entre os menos confiáveis da
humanidade. A mão que aplaude a Copa do Mundo, o Carnaval das Agremiações
Sambistas e as Manifestações mal intencionadas é a mesma que recolhe os tostões
sujos das mãos da maldade. Depois sobem nos palanques, cobrando menos gastos,
mais arrecadações e melhorias para os mais pobres.
Pobres? Os pobres
de grana? Ou os pobres de espírito? Porque uma coisa é não ter o dinheiro do
pão quentinho toda manhã e, labutando, matar a fome com sopa de fubá ralo. Outra
bem diferente é dizer-se paupérrimo em tempos de pagamentos de contas, de
honradez com seus compromissos diários e ostentar-se na primeira fileira dos
estádios, com a mão direita sob o peito inflado, cantarolando feito canário o
Hino Nacional Brasileiro, reverenciando uma pequena “nação” que ganha milhões à
custa da idiotice dos tais “espertinhos” que atrasam o andar da carruagem.
Vai ver talvez
seja por isso que ainda trotemos de jegue ao invés de caminhar de salto alto...