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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Doçura da Vida




Há dias em que a alma, meio perdida, pede todo o colo do mundo. E assim, toda sem jeito, sente-se à deriva, à mercê dos próprios quês... das decisões acertivas, dos momentos de reflexão dura e solitária.E por isolar-se, numa reclusa quase que interminável, para e pensa sobre o real doce da vida...
Um doce viver perfumado, imensamente desejado até mesmo ao mais pobre dos mendigos. Um querer todo coberto por encantamentos e inspirações a nos fazer perder o fôlego,o juízo, o sono e do sério...
Então, por hora surgem tantos questionamentos! E questionando, vê-se a necessidade de agradar a outrem, como se esse outrem fosse parte integrante de nós mesmos. Contudo, nem sempre vale a pena tanto agrado, tão aconchego. Há momentos em que o melhor a ser feito é observar até onde vai tanta bondade, tanto bem-me-quer. E só depois deve-se pôr em prática os valores morais benéficos, em prol de um alguém que nos ronda.
Não devemos estar ilhados. Contudo, se, por vezes, estivermos cercados de nós mesmos, certamente saberemos encontrar os motivos básicos para que busquemos o bem.
Quando digo buscar o bem, é óbvio que refiro-me ao bem como ser humano. Mas, algo além dele, também. Um bem a nós mesmos, ao espaço que ocupamos no meio do mundo. Um bem que nos faça querer estar nas nuvens, que nos deixe totalmente fora do prumo, do foco. Um bem tão prazeroso de ser sentido que nos adoce os lábios, mesmo sem bala alguma a nos colorir a língua. Todo esse doce é sem dúvida um dos meios mais fáceis de se atingir a plenitude de sentimentos.
Todavia, quanto se dispõe o ser humano a buscar essa doçura de viver? Talvez menos que uma tampa de xarope como medida. Ou até menos. Espera-se muito que todo o bem nos caia do céu, nos pule no colo como criança com medo da tempestade.
Somos muito comodistas, esperando que o outro resolva nossos problemas, que mate nossos medos e desilusões.
Ah! Pobre do homem em crer que seja tudo tão fácil!
Se o fosse, certamente não haveriam pobres criaturas mendigando por abraços e atenções, ao invés de pratos de comida e tostões a preencher as carteiras e o bolsos.
Somos seres à espera do próximo, que, por fim, espera a mesma atitude, só que de nós mesmos.
E assim, numa espera quase que idiota, nada sai do lugar, e o fluido segue como torneira velha e enferrujada. Mal vemos a água, e quando sai, o amargo da ferrugem nos deixa fétidas as mãos, e acabamos com gosto ruim na boca, como que se isso nunca mais saísse da língua.
Então, perdemos a doçura da vida, nos tornamos amargos. Uma amargura que acaba por adentrar à alma, e fazer morada nos alvéolos e capilares existentes em cada sopro de ar que emanemos.
Ferimos quem quer que conosco queira caminhar. Deixamos de lado as balas, os chocolates. E passamos a saborear aquele “Halls” preto em meio aos goles de conhaque e vodka. E talvez nem percebamos. Ferimos com as mais duras palavras, com os olhares mais secos e sombrios. Ferimos. E isso é fato. Mas, quando os outros acabam por retribuir o que fazemos, permanecemos estupefatos, paralisados com tamanha falta de postura e cordialidade.
Como podemos nós sermos tão hipócritas ao ponto de querermos somente o bem, se nem nos dispomos a sermos o bem a nós mesmos?
Olhamo-nos no espelho, ao acordar e nem reparamos que estamos cada vez mais enrugados por nossa própria ignorância, por nossa própria austeridade e soberba! Somos icebergs, quando deveríamos ser sóis, mesmo que fosse através do reflexo multifacetado de um espelho velho e descascado, todo cheio de marcas de dedo e lembranças de lágrimas.
Somos nós quem fazemos nosso dia ser tão doce quanto suspiro, e isso sem dúvida faz toda a diferença!
Portanto, cabe a nós, enquanto seres conhecedores dos caminhos, pararmos, nos sentarmos na soleira da porta velha e embolorada pelas marcas da vida, olharmos o pôr-do-sol e crermos que somos capazes de ousar, seja para os outros, caso queiramos um olhar mais distinto e direcionado, seja para nós mesmos, afim de que conheçamo-nos um pouquinho mais, para que, lá no final das contas, não nos sintamos tão visivelmente perdidos, amargos, abandonados por tudo e por todos... Tão perdidos quanto à doçura do viver.
Talvez seja essa uma boa receita...

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