Entrego-lhe meu corpo
Como quem busca o
impossível,
O desdobramento
espiritual,
O discernimento
enquanto ser pensante, ser ouvinte.
Sinto cada reação
E posso dizer que isso
me enlouquece.
Deixa-me fora do eixo.
Deixa-me a um passo da
loucura.
Uma loucura doce, sutil
Envolta em peças de
seda, lençóis de cetim.
Inebriada em meio aos
perfumes
Aos pós de arroz, aos
blushs...
Passa das cinco
E a lua brilha no céu
Toda cheia de charme.
Um charme fatal
Propício a noites e
madrugadas
Regadas a muito vinho e
beijos.
As carícias tão
perversas
Fazem da carne
Ser fraco, quase que
pecaminoso.
Os pelos denotam
Que, por dentro,
Algo segue além
Aquém de qualquer
pecado.
Ah! Como é relativo
dizer que pecamos!...
O ato dos movimentos
excitantes
Faz de nós seres quase
que divinos.
Uma divindade dividida
Sentida no mordiscar
dos lábios
No penetrar dos falos,
das línguas.
No êxtase d'alma.
Uma divindade relativa
Escondida debaixo das
saias
Submersa nos olhares
marejados
Subentendida através
de meias palavras.
Um querer mais que
bem-querer
Um bem-me-quer todo
coberto por purpurina furta-cor.
Um desejar todo
carregado de sentimentos
Um ousar mais do que o
possível
Um possível mais que
impossível.
Ah! As maneiras de
expressar o amor!...
Tão desejosas de
carinho
Tão carentes de si
mesmas
Tão dos outros
Ao invés de ser de nós
mesmos!
Quisera o homem
Merecer mais do que
alcança.
Quisera o homem
Possuir mais do que
pensa.
Pensar mais do que
tenta.
Tentar mais do que
ousa!
Uma ousadia tamanha
Que foge do normal.
Somos feitos de
energia.
Somos feitos de pelos
ouriçados.
Somos feitos de salivas
e sussurros.
Somos tão doces,
azedos
Tão pecaminosos
Tão angelicais.
Quase arcanjos.
Quase Luciferes.
Uma delícia com sabor
de milk shake!...
Daqueles que não saem
do paladar
Daqueles com sabor de
quero mais!
Entrego-lhe meus poros
Ora salgados, pelo
êxtase.
Ora tão doces
Como se mamãe
Tivesse passado-me
açúcar.
Entrego-lhe meus mais
secretos desejos.
Sem esperar que você
seja
O anjo a realizar todos
eles.
Seja apenas o demônio
A me tirar o sono
A me satisfazer a carne
A me deixar sem fôlego.
Seja isso tudo
E garanto-lhe
Você estará no
caminho certo!
Entrego-lhe meus
beijos.
São seus.
Venha buscá-los.
Antes que eu morra à
espera.
Antes que os lençóis
sirvam
Apenas para cobrir a
pele
Em noites de outono
d'alma.
Venha.
Mas venha logo!...
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