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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Entrega




Entrego-lhe meu corpo
Como quem busca o impossível,
O desdobramento espiritual,
O discernimento enquanto ser pensante, ser ouvinte.
Sinto cada reação
E posso dizer que isso me enlouquece.
Deixa-me fora do eixo.
Deixa-me a um passo da loucura.
Uma loucura doce, sutil
Envolta em peças de seda, lençóis de cetim.
Inebriada em meio aos perfumes
Aos pós de arroz, aos blushs...
Passa das cinco
E a lua brilha no céu
Toda cheia de charme.
Um charme fatal
Propício a noites e madrugadas
Regadas a muito vinho e beijos.
As carícias tão perversas
Fazem da carne
Ser fraco, quase que pecaminoso.
Os pelos denotam
Que, por dentro,
Algo segue além
Aquém de qualquer pecado.
Ah! Como é relativo dizer que pecamos!...
O ato dos movimentos excitantes
Faz de nós seres quase que divinos.
Uma divindade dividida
Sentida no mordiscar dos lábios
No penetrar dos falos, das línguas.
No êxtase d'alma.
Uma divindade relativa
Escondida debaixo das saias
Submersa nos olhares marejados
Subentendida através de meias palavras.
Um querer mais que bem-querer
Um bem-me-quer todo coberto por purpurina furta-cor.
Um desejar todo carregado de sentimentos
Um ousar mais do que o possível
Um possível mais que impossível.
Ah! As maneiras de expressar o amor!...
Tão desejosas de carinho
Tão carentes de si mesmas
Tão dos outros
Ao invés de ser de nós mesmos!
Quisera o homem
Merecer mais do que alcança.
Quisera o homem
Possuir mais do que pensa.
Pensar mais do que tenta.
Tentar mais do que ousa!
Uma ousadia tamanha
Que foge do normal.
Somos feitos de energia.
Somos feitos de pelos ouriçados.
Somos feitos de salivas e sussurros.
Somos tão doces, azedos
Tão pecaminosos
Tão angelicais.
Quase arcanjos.
Quase Luciferes.
Uma delícia com sabor de milk shake!...
Daqueles que não saem do paladar
Daqueles com sabor de quero mais!
Entrego-lhe meus poros
Ora salgados, pelo êxtase.
Ora tão doces
Como se mamãe
Tivesse passado-me açúcar.
Entrego-lhe meus mais secretos desejos.
Sem esperar que você seja
O anjo a realizar todos eles.
Seja apenas o demônio
A me tirar o sono
A me satisfazer a carne
A me deixar sem fôlego.
Seja isso tudo
E garanto-lhe
Você estará no caminho certo!
Entrego-lhe meus beijos.
São seus.
Venha buscá-los.
Antes que eu morra à espera.
Antes que os lençóis sirvam
Apenas para cobrir a pele
Em noites de outono d'alma.
Venha.
Mas venha logo!...   

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