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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Cinco Minutos



Daria tudo por mais cinco minutos.
Por mais um olhar buscando-me.
Por mais um “olá!” singelo.
Por mais que isso.
Bem mais que isso.
Daria tudo o que me pedisse.
Num piscar de olhos.
Buscaria a pérola mais rara.
O mineral mais longínquo.
Se ele me trouxesse o tempo de volta.
Mas, é ilusão absurda!
Não há como voltar.
Não há como competir.
Não há competição.
O que há é a perda.
E a incansável não aceitação.
A eterna inquietação d’alma.
A falta de coragem em sair de cena.
Em admitir que não foi dessa vez.
Mas, não.
Por sabe-se lá qual motivo, eu tento.
E só firo a mim.
Inevitavelmente.
Por querer algo que nem sei se me pertenceu.
Se foi troféu ou prêmio de consolação.
Tento e nem percebo a ferida ainda aberta.
Ela não cicatrizará enquanto não a remediar.
Com solução efervescente e curativa.
Ou com um novo par de olhos mais brilhantes.
É necessário o curativo.
Para que eu continue.
Para que eu pare de perder.
Meu tempo.
Minha esperança.
Morro aos poucos.
Toda vez que o recordar bate n’alma.
E como bate!
Bate, espanca, machuca e fere!
Sem nem preocupar se desculpar, depois.
É coisa de crueldade!
Daria o que fosse preciso por mais cinco minutos.
Por mais um prosa.
Mais um diálogo bobo.
Para falar do que surgisse.
E mais, do que viesse.
E que viesse talvez a certeza de liberdade.
Ou de um querer recíproco.
Creio mais na primeira opção.
Por inúmeros motivos.
Por seu medo em descer do muro.
Por medo em demonstrar o que sente.
Talvez sinta algo e não fale.
Ou nada se torne sensacional em seu coração.
Apenas sua imagem no espelho do banheiro.
Tão somente o narcisismo característico.
Coisa de quem não ama nada além do próprio umbigo.
Daria uns trocados por uma prosa definitiva.
Ao vivo e em cores.
Daquelas produtivas.
De se perder as horas, positivamente.
Porém, a ilusão é maior que os cinco minutos.
É nela em que se sustenta tudo o que é efêmero.
E de superficialidades é feito o eu e você!
Uma superficialidade e tanto!
O iludir-se é quase peça-chave.
Já deixou de ser adereço.
E passou a fazer parte do cenário.
Numa peça que mais parece monólogo.
Cheia de atos e desacatos.
Que, quando vistos de ângulos diferentes, latejam.
Daria tudo por cinco minutos mais.
Por tempos atrás.
Por mais um pedacinho de ilusão embalada em papel alumínio.
E então, me pergunto:
Seria isso possível?
Ou mero devaneio d’alma?
Não sei.
Não há como saber o seu querer,
Sem ao menos discar o seu número de telefone.
E convidar-lhe a uma bebida qualquer.
Talvez eu faça isso, amanhã.
Com menos cara de anteontem.
Com menos chuva a escorrer os cabelos.
Com menos vontade de curtir represálias da própria consciência.
Talvez amanhã.
Hoje, não.


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