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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Bombom & Coxia: O Ato da Travessura!




Dizem que sou não sou colher de açúcar. Dizem que sou  meio ácida.  Mas, na verdade, sou agridoce! Dona de um temperamento forte, de personalidade marcante. E de um perfume mais marcante ainda!

Quarta-feira. Onde as meninas usam rosa. E eu, pink! Com vestido de alças longo, contornando o corpo. Com salto médio, e unhas no tom maçã do amor. Boca vermelha e Glamour. 

Meu dia foi todo trabalhado na personalidade. Gosto de mostrar a que vim. E venho com olhar de brilhante, literalmente. Gosto do que o dinheiro compra. E compro tudo o que quero.

Contudo, às vezes, ganho mimos. E não esboço nenhum agrado. Malvado o meu coração, que faz questão de nem sempre retribuir o que recebe...

Dia doze. Meio de semana. Pela numerologia, meu melhor dia. Pena que não acredito nessas histórias de quem estuda astros e as cartas. Porque quem dá as  cartas sou eu!

E hoje não poderia ser diferente! Com suco de laranja e lanche natural no almoço, para manter o equilíbrio. Afinal, a noite promete algo mais calórico.

Trabalho habitual. Com direito a algumas investidas do colega de trabalho. E eu me esquivando o máximo que pude. Gosto de provocar  e sair de fininho, deixando no ar o meu perfume. 

De cabelos molhados e soltos, logo pela manhã. Com algumas gotas de perfume em lugares estratégicos. Mas, que exalam sutilmente quando passo. Um par de brincos de pêndulo em cristal e ouro. Uma corrente Tiffany com cristais. Um vestido estilo camisão. De linho. De cor coral. Uma sandália de grife, palha. Uma bolsa de mão, também palha. E os óculos de sol no rosto, destacando apenas o batom cobre na boca. 

Simplesmente provocante. Passando e passeando entre as pessoas, mesas e pensamentos. É assim que eu gosto de estar!

E estive. O dia todo. Provocando meus coleguinhas. Causando inveja em uns, admiração em outros, desejo em quem eu quis provocar.

A tarde, já quase no fim do expediente, minha agenda diariado celular me recorda que a noite é de festa! Dia de ir ao Teatro Municipal  ver um ato de uma peça de um amigo dramaturgo, que viera até a capital para se apresentar em seu monólogo.

Confesso que não sou adepta a monólogos. Nunca fui. Porque sou expansiva, até demais! Gosto do calor humano. Não saberia viver numa ilha, escondida do mundo... 

Contudo, hoje tenho um ato para seguir. E atuar é algo que sei fazer muito bem, por sinal. Mesmo não sendo eu a atriz da noite, nos palcos. 

Não irei sozinha. Meu marido irá comigo. E mais algumas pessoas. Dentre elas, seu chefe, meu chefe e alguns colegas e amigos.  Iremos no mesmo carro, com o motorista a tira colo, como sempre.

Quero estar linda! Deslumbrante! E para isso, escolhi um vestido com decote invertido, oque evidencie minhas costas.  Quero chamar a atenção ao passar. Em cada passo.  Com colar de pérolas brancas, pulseira de ouro e pérolas pequenas, delicadas. Um batom líquido em tom magenta. Quase uva. Cabelos arrumados em um penteado de lado, semi presos com uma presilha de esmeraldas e pérolas.  Totalmente elegante, num organza preto, bordado a mão, com fios de ouro. Coisa cara, jóia rara de vestir. Usado em momentos memoráveis, como pede a ocasião.

Sinto a beleza exalando de minh’alma. E quero que percebam. Gosto de chamar a atenção . Trago alma de burguesa. Mesmo de Baby Doll de seda ou cetim branco, preto, vinho... 

Chegamos ao Teatro às vinte e trinta. O monólogo começará às vinte e uma. Temos meia hora para adentrar ao camarote. Na parte superior da plateia. Nessa área do Teatro é possível ver o espetáculo com certa exclusividade. Onde há serviçais que nos trazem mimos para adocicar a boca. 

Entro. Subo as escadarias. Paro para uma foto. Coisa de quem vive em meio a sociedade que está sempre em evidência. Adentro ao camarote. Com marido, segurança e mais alguns amigos. Todos muito alegres e bem vestidos. 

Observo em volta. E meu coração palpita, ao sentir um cheiro que me parece familiar. Penso estar ficando louca. E continuo a bebericar a taça de champanhe. Então, sinto novamente a fragrância me rodear. Não me recordo de meu marido ter mudado de perfume. De repente, meus olhos se cruzam com um par de olhos cor de  jabuticaba, que há tempos eu não via. E que eu imaginava ter esquecido. 

Mas, não. Não esqueci a beleza daquele olhar, fitando os meus olhos. Jamais esqueceria. Apenas adormeci, pelas circunstâncias da vida.  Esses mesmos olhos que sempre me desmontaram, no amante estavam na minha frente. E era impossível não querer olhar!

Olhei. E sem perceber inalei o perfume. Inebriei-me novamente daquele cheiro de homem, com doçura de menino. E automaticamente mordi o canto do lábio nferior esquerdo, com os dentes. 

Ele percebeu, certamente. Tanto que me abriu um sorriso e acenou, vindo de encontro a nós. E para minha surpresa ele era colega de cassino do meu marido. Ambos se conheciam e eu nem imaginava. 

Um sorriso, um cumprimento formal. Um convite para que ele se juntasse a nós,no camarote vip da encenação. E em menos de cinco minutos ele estava ao nosso lado! Não pude conter a vontade de parar o mundo, por milésimos de segundos que fossem.

Mas, como dama da sociedade, não posso me descompor. Tenho que manter a compostura, estamos em público. E os anos passaram a galope, numa velocidade quee transformou de menina em mulher. De dona de um amor pura, em dona da provocação pura, nua e crua. 

Começa o espetáculo. As luzes se apagam. O som do microfone auricular com a voz melosa do ator, e todos são concentração só. Assim se dá os primeiros trinta minutos. O Ato tem uma pausa. E eu quero ir ao toalete, retocar a maquiagem. Fui. E quando eu voltava para o camarote, sinto meua antebraço sendo tocado com força, mas sem machucar. Olho, e vejo ele, meu ex. Dizendo ter ficado perturbado ao me ver. E eu não posso dizer que senti o mesmo. Pelo menos, não com os lábios. 

Senti suas mãos encostando em minha pele. Eu fecho os olhos, e sinto uma quentura me percorrer as partes íntimas.  

Então, só tenho tempo de sentir o tranco em meu braço, me puxando para uma portinha pintada de preto. Ele me puxou para ele, como fazia quando eu deixava com que me dominasse, ainda na pouca idade. De repente, sinto um beijo me invadir a boca, com língua quente me lambendo. 

Tento me esquivar. E não consigo. Ele consegue me fazer de boneca, ao seu bel-prazer! Me vira, enlacando minha cintura, passando  as duas mãos pelas minhas costas. De cima até o quadril. Dedilhando. Cheirando meu perfume. Como se tivesse vinte e poucos anos. Eu arrepio. Como gato preto em sexta-feira treze. Ao ganhar carinho nos pelos. 

Minha saia é erguida. E uma perna também. Tenho que me equilibrar em um salto só. E em silêncio. Porque sabe Deus onde estou, na imensidão do Teatro. 

Equilibro-me e sou deflorada. Como quando era menina, quase mulher. Com os olhos nos meus, lambuzou -me com seu chocolate ao leite, num leite quente ao sabor de achocolatado com menta. Coisa de menina, com uma pitada de mulher. 

Lambo o bombom, o bumbum, o Bambam, o bambolê. Os minutos param, e eu não saio ilesa disso tudo. Porque não quis. Jamais conseguiria. Com capricho na execução. Com vontade, e incógnita. Como sempre fora...

Foram decisões  momentos, onde eu pude mostrar que eu posso ser a que ele jogou fora, e sentir uma pintadinha de remorso. 

Sou dona de mim. Dona do dinheiro, da situação. Dona dos mais caros trajes. Dos Ases. Dos Atos. Dos nuances. Dos alcances, com a mão, a boca ou com um caminho escondido, que só dou o endereço para chegada quando quero e como quero! 

Quero suas descobertas. A abertura quase absoluta das pernas, e de salto! Quero seu cheiro na pele. Não somente na vitrine dos melhores smokings. Quero mostrar que eu posso, e eu faço! E me recomponho rapidinho, onde nem dá tempo de sentirem minha falta.

Com exceção do motorista . Que parece fazer questão de me pegar no flagra, com a boca na botija.

E lembra da porta pintada de preto? Era a coxia, atrás do palco. Não foi a toa que o dramaturgo disse não ter sido um monólogo. Imaginou ser o espírito que assombrava o local a geme baixinho, vez ou outra, durante a apresentação. Sabe de nada, inocente! 

Aprontou junto comigo? Ficou com vontade de saber se o motorista viu mais essa escapadela? Te prometo que no próximo texto eu tento te contar com mais detalhes... Agora, só um bombom de licor para adocicar a boca e disfarçar a travessura!...

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