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Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Asilos






Vivo exilada em meu asilo.  Cheio de traças e de paredes por pintar, por repintar,  descascadas pelo tempo. 
São tantas memórias guardadas em retratos antigos que não posso contar todos! Tudo junto, coberto pela poeira da espera. Sou retalhos de um tudo vivido, sentido na pele e na alma. Sou colcha antiga, de matelassê, com bolinhas de poá . Esticada na cama, olhando o teto branco de forro aparelhado . E relembrando uma vida toda, sorrindo de canto de lábio, por vezes. 
Mas, há também momentos onde a lágrima vai, discreta. Como que para hidratar a cútis. Para embelezar as rugas já formadas. 
Vivemos em asilos. Interiores ou exteriores,  tanto faz. Vivemos com medos que nos afogam. Com esperanças remotas de sermos felizes, todo o tempo.  Contudo, a mão trêmula que pede em oração a tranquilidade,  escreve memórias dos tempos de juventude.  Com a mesma naturalidade dos tempos de menina moça,  onde o rubor da face é característica ímpar no tempo da conquista. 
Rugas que se misturam com as memórias.  Memórias que, remotas,  fantasiam um final feliz. 
O final feliz talvez venha.  Talvez já tenha chegado,  e não tenha sido percebido. 
Hoje tanto faz. Pouca diferença fará nas histórias a contar, inúmeras vezes,  como vitrola enroscada,  com a agulha de diamante pulando no risco do disco de marchinhas de Carnaval ou bolero das antigas. 
A calmaria do vento adentrando pela fresta da janela é quase tão mortal quanto a solidão que me afronta. Confunde, perturba e tira o sono, às três da manhã... Bem na hora da descida dos anjos. Isso talvez faça com que eles, os anjos, me vejam  como alguém que merece subir aos céus,  depois que tudo acabar. 
E eu não sei quando tudo acabará.  É frustrante demais esperar o término,  como  a esperança de um amor que nunca chega. Que ficou parado no meio do caminho,  se decidindo se ia ou voltada para o posto de descanso. 
Vivo ilhada em meus projetos inacabados.  E talvez acabar com essa frescura psiquiátrica seja o pontapé para a liberdade de espírito,  depois de uma vida enfadonha e despretensiosa. . . 

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