Ordinária! Absolutamente desconhecida daquela que eu tive ao meu lado por tanto tempo! Uma mulher diferente, divergente, descontente, descontraída, contorcida!
Um espanto em forma feminina. De calcinha de renda. Sem o algodão básico que me dizia usar. Sem o ar de boa moça, cheia de recato.
Perdi as estribeiras. Ao ouvi-la totalmente sem controle. E me perdi. Ou me achei! Não sei!
Não sei aonde estava com a cabeça esse tempo todo! Que não enxerguei essa maldade toda no olhar dela, minha dama. Por ser minha, sempre a vi com trejeitos de princesa! Intocável!
Tipo da realeza britânica, onde as jóias reluziam mais que o restante da persona. Onde o dinheiro era o princípio do casamento, do recato e do recanto!
No entanto, estava enganado todo o tempo! Lamentável minha atitude? Não há uma explicação lógica para tudo o que aconteceu naquele quarto.
O ato deu início com uma vontade minha de fazer sexo com ela. Mas,sempre a dor de cabeça lhe afastava de mim e de suas obrigações de esposa. E isso sempre me irritou profundamente!
Irritação que sempre veio acompanhada a um copo de whisky com gelo. Às vezes em casa, no escritório. Servido pela empregada, que mais parecia minha avô. Noutras, no balcão do bar, antes de voltar para a casa, já com a gravata com o nó afrouxado.
Afrouxado, frouxo. Deveria ter sido diferente desde o início. Deveria ter metido o pé na porta. Chutar o pau da barraca. Não ter pedido licença, exigido meus direitos de marido.
Deveria ter entrado de barraca armada, e copilado mesmo com essa incessante dor de cabeça. Certeza que era falta de uma boa pegada, onde as ordens deveriam ter sido minhas.
Sempre acatei. Respeitei. E não deveria! E não vou mais... Pois o que ela fez ontem foi o estopim para que eu mudasse! Eu quis aquela vadia, sem a pureza do casamento desvirginado.
A lingerie, os gemidos, o suor escorrendo. O outro no meio da situação. Tudo tão diferente de tudo! Ver outro ali, degustando do meu banquete foi muito para mim. Nunca pensei que ela se divertiria tão facilmente assim. E tão gostoso!
Vê-la ali dando conta de dois, e já melada pela aventura solitária e virtual, fez com que eu a desejasse de outra forma. Como quando eu fui no bordel,na adolescência, com meu primo mais velho.
Foi como relembrar as mulheres prontas para alegrar a juventude viril dos meninos. E reanimar a velhice masculina. Eu a vi como uma delas. E ouvi dentro de mim aquela mesma voz da Rute das Rosas, ordenando eu fazer o que tinha que fazer.
E eu fiz! E eu ordenei que ele fizesse! Já que era seu desejo! E eu senti um misto de ódio por ele estar montando na minha mulher! E tesão por ela estar gostando de ter dois homens babando por si.
Sim! Dois barbados, pelados, na cama dividindo seu Triângulo das Bermudas! Das calcinhas, das lisuras! Com os seios à mostra num tule rendado. Onde os bicos se misturavam com as bocas, feito crianças gêmeas sugando o leite materno, numa disputa pelo melhor colostro.
Um contorço eu, contorce você... Pede e eu faço! Faz e fica quieta! Espera sua vez... Talvez num segundo momento! Tormenta para a alma. Prazer para o corpo. Sensações diferentes! Vendo a dança do cavalgar no rebolado da mulher cheia de frescuras.
Fresquinha, suada, mole, cansada. Depois de uma boa noite de loba em pele de cordeirinha. Com calcinha jogada só chão, mão na coisa e ambas as coisas ocupadas. Num desejo inesperado. Inusitado. Quebrado!
E o vermelho da flor no criado-mudo se assemelha à flor mais sugada, por beija-flor e colibri, num voo noturno fora do normal, transformando em vampiros os morcegos da Dama de Espadas.
Pássaros da noite. Morcegos, Condé Drácula e o Rei do Castelo. Dama de Espadas em Noite de Reviravoltas... Conduzidos pelo Universo inesperado. E quem está errado? Garanto que não há explicação para essa resposta!