A criança observa ao longe a velhice em que se tornou. Através do tempo. Essa criança, sou eu. A velhice, você!
Com seus medos, suas desilusões. Suas culpas escondidas, amargadas e dilaceradas pelo pilão da sua consciência.
Os filhos, as rugas, os palavrões. Tudo, exatamente tudo, está aí, dentro de você, nesta hora, lhe sugando as últimas expectativas de vida!
E agora você tenta ser vítima! Pura ignorância sua acreditarem! Pura falta de imaginação a sua não crer que eu viria até aqui cobrar-lhe satisfações!
E agora que lhe vejo assim de cabeça baixa, pergunto-lhe:
- Achou que eu, seu destino, não viria lhe chamar a uma prosa mais direta? Achou que eu ficaria para sempre atrás dos acontecidos, escondido, só observando???