um pouco mais sobre mim...

Minha foto
Casada, escritora, com a alma rodeada de perguntas... Amo escrever... Sou alguém que coloca o coração em tudo o que faz... Que dá o seu melhor... E que ama traduzir sentimentos!

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Kiwi & Anis Estrelado: A Estrela Além das Lentes...




Um olhar. Uma câmera. Um estúdio de fotografia. Um divã de veludo em tom de uva. Uma arara de roupas me esperando, para que eu sirva de cobaia. 

Foi assim que eu comecei meu dia. Um dia de folga do trabalho. Mas, com um trabalho extra... Fotografar! 

O olhar é para as lentes do fotógrafo que, sugestivamente tem sotaque rúbio. Não sei o porquê, mas amo esse enrolar da língua ao falar. Quase um canto, ao som de um violão e violinos, num dedilhar provocante.

Saí de casa às nove. Acordei mais cedo. E sedenta de excitação pela vida. Onde eu sinto a magia do mundo me rodear. Pus um vestidinho estilo marinheiro, curto e de listras azuis, brancas e vermelhas. Uma sandália   Melissa, com salto transparente. E por baixo um lingerie de renda, tipo fio. Vermelho vivo.

Cabelos soltos ao sabor do vento, e perfume e maquiagens devidamente impecáveis! Como sempre gostei de ser. Falando através da aparência. E me deixando enigmar. Porque eu não gosto de revelar minhas frestas, onde quer que elas estejam. 

Hoje quis dirigir sozinha, ouvindo uma playlist totalmente insinuante. Então, para me livrar do segurança, usei o blindado. Com uma vinte e dois no porta luvas, por segurança. Exigência do motorista preocupado e desconfiado de todos e de tudo. 

Hoje não quis comer muita coisa. Preferi um iogurte natural com mel e granola. Coisa simples, na louça de porcelana. Porque eu jamais perderei a elegância. Ela é parte de mim e eu tenho total propriedade sobre ela...

O estúdio de fotografias ficava no centro. Num sobrado imponente do século passado. Porém, totalmente restaurado. Decidi aceitar o convite do meu sócio, e fazer propaganda da marca nova que estamos oferecendo na empresa. Escolheram a mim para servir de garota propaganda. Fazer o quê, se não recuso um desafio!

Estacionei o carro em frente ao estúdio. Desço e vejo uma porta de duas folhas, alta e entalhada. Subo as escadas e, à medida que eu subo degrau a degrau,posso ouvir uma música Porto Riquenha vindo de encontro a mim. Instantes depois estou defronte ao que chamaria de aventura  extravagante. 

 Abro a porta, depois de três toques com a mão. E sou recebida com um sorriso alvo, tipo comercial de creme dental. E um par de olhos verdes como hortelã. Uma pele perfumada, jambo, e uma musculatura torneada, mas sem exageros. Paralisada, respirei fundo e retribui o sorriso.

Retribuí e não sei o motivo ao certo, mas estava à vontade ali. Aquela ansiedade de quando chegara, houvera desaparecido, aos poucos. Depois de alguns minutos, umas palavras que se transformaram em diálogos soltos, tudo estava absolutamente como deveria, para o trabalho.

Na sala principal uma arara com diversos tipos de vestimentas. Do terninho de linho cru ao Black Tiê, passando pelo vestido de pedrarias e ao vestido de noiva estilo princesa. Para cada vestimenta, uma maquiagem e um penteado amplamente rico de detalhes, feito pelo maquiador. 

Umas poucas instruções e depois de dez minutinhos, lá estava eu num salto Luís XV e um tubinho violeta. Com colar de cetim e Camafeu dependurado no pescoço, tocando as saboneteiras. A lingerie vermelha não se fez vista. Umas poses executivas e logo mudo de roupas. Um alfaiataria estilo smoking e cartola, de lado, com cigarrete na ponta dos dedos. Um suspensório e gravata borboleta, mostrando o lado feminino por trás da sobriedade masculina. 

A cada posição, uma pose. A cada pose, uma posição. E uma música. Porque o mundo das imagens é audível! Sensorial na alma e na pele.

Mais cinco minutos e lá vou eu para mais uma troca de roupas. Dessa vez um vestido de festa, cor rosa, todo de paetês. Até o chão. Contornando o corpo, combinando com um scarpin preto e uma bolsa de mão, tipo carteira.  Uma janela e uma cortina. E eu olhando por entre o voal branquinho com amarril dourado. 

Vestida de noiva, era preciso mudar a lingerie. E até para isso havia algo especial preparado. Como se eu tivesse sido milimetricamente estudada, para compor cada cenário. Uma lingerie branca. De renda e pérolas. Bordada a mão. Rica em detalhes. E com caimento perfeito. Uma liga branca, um salto de veludo branco, bordado com as mesmas pérolas. Um colar de ouro, tipo lacraia, e uma tiara de princesa. Ambos dourados, combinando com o par de brinco de ouro em meia argola de brilhantes. 

Cabelos presos numa tranca raiz. Posta de lado. Numa angelicalidade sem fim. A princesa do estúdio.  As fotos a essa altura já fluíam facilmente. E eu me via cada vez mais envolvida por aquela alma livre e sedutora. 

Último traje. Algo ousado, que eu jamais poria. Uma meia arrastão, um salto com tiras largas, uma minissaia de couro e um croped, também em couro, com tachas de metal. Algo dark, rebelde provocante. Coisa que eu não gostaria de revelar tão explicitamente. Contudo, eu recebi a incumbência de fazer dar certo aquela sessão de fotos e o futuro da relação de negócios com os Norte americanos. Por isso, aceitei a empreitada mais ousada de todas.

Por cima da pele, um conjunto preto de renda. Bem sensual. Um perfume mais masculino, importado. E uma boca Amora. Quase preto. Olhos desenhados no delineador líquido. Impecáveis.  Cabelos molhados, bagunçados com creme de pentear. Estratégia de fotografia.

O fotógrafo diz que é para eu me imaginar completamente livre. Num Pub à meia-luz, com bebidas à mesa, som de guitarra  solo, num metal melódico. E eu imagino. Só que coloco na imaginação o bar tender com colete sem mangas preto, de vinil. Calça preta, jeans. Coturno de amarrar alto. E perfume de homem dono de si rescendendo  pelo balcão, misturado aos aromas das bebidas. Imagino eu bebendo uma batida com kiwi e vodka. E  anis estrelado de enfeite, do lado do canudo preto.

Imagino de olhos fechados a cada cheia, com passantes e conhecidos. E aquele belo par de olhos me encarando. Sem disfarçar em nada o desejo de um algo além da bebida. Abro meus olhos e estou totalmente entregue ao meu imaginar, dançando ao som da guitarra solista, que se mistura em sequência com o bater das castanholas... Saio do Pub e caio na tenda cigana. Onde sou expectadora. Onde posso delirar observando o fotógrafo que, a essa hora, está sozinho comigo na sala. 

Somos eu e ele. A música e a vestimenta cheia de mistérios. Estou boquiaberta, vendo aquele homem e sua destreza em me enredar somente com seus olhos. Posso imaginar cada detalhe além do olhar. E isso faz eu querer me enredar mais ainda. 

Ele chega mais perto. Toca meu queixo com a pontinha do indicador direito. E sussurra em meus ouvidos um “¿vien junto a mí?”. Quase infarto, mas vou. E ele me enlaça pela cintura, enquanto rodopio em seus braços. De repente, me joga para trás e,num ímpeto, me rouba um beijo. Do beijo, um passo e estamos no chão. Eu de lingerie preta, posta de lado e sem a parte de cima. Ele, nu. Eu por cima, num cavalgar feito Cavalo do Vingador, com asas e capa de malvadeza. Com tridente e mordidas nos lábios e seios, enquanto deixo meu quadril fazer o trabalho árduo de estar no comando.

Amo comandar. E faço isso com toda a minha força. Só deixo que me comandam quando quero força e cabelos entre os dedos de alguém, num puxão mais audacioso. Caso contrário, sigo meu ímpeto de comando. Contando nos dedos as vezes que não estive no controle da situação.

Em cima, sou segurada pela cintura, e meu corpo é deliciosamente tocado por um par de mãos grandes e sedentas por meu íntimo. Um toque, dois, três... E rapidinho estou gemendo a insanidade daquele cigano, tentando decifrar suas origens!

Contudo, o chão gelado da madeira não impede que ele me vire de costas, pondo-me ao seu deleite. De leite em leite, seios, suores e sensações fundem-se. Numa força como gosto, por mais de quarenta minutos. 

Um sexo selvagem, com o mais misterioso dos meus homens. Talvez a aventura mais enlouquecedora. E a única que teve coragem e a audácia de filmar o ato todo, enquanto me consumia em gemidos e beijos molhados... Fui perceber a câmera ligada já no terceiro momento...

Essas minhas travessuras estão me deixando sem fôlego! Ou será que você ficou sem fôlego? Posso surpreender você, numa respiração boca a boca... Ou num sussurro... Você vem comigo? No caminho lhe mostro como se perde o ar de verdade... 



Nenhum comentário:

Postar um comentário