Uma noite quente...
Eu, nua.
Na pele, seu cheiro misturado ao meu perfume.
Nos cabelos, ainda sinto o puxar de suas mãos, levemente.
A brancura da pele.
O gosto do leite condensado...
A acidez do gozo na língua, descendo goela abaixo.
O frenesi, dois corpos.
O encaixe perfeito...
O carinho e a força, fundindo na pele
A fundura do pecado.
Ao lado da cama, na cabeceira, um Halls preto aberto
E um copo de curaçau blue.
Um dedo de destilado a colorir o fundo do copo.
Um dedo, dois, três...
A procurar meu clitóris.
Contorção e sensações humanas...
Sentimentos e loucuras, de olhos fechados.
Posso sentir sua vida pulsar dentro de mim, a cada movimento.
E no momento, somos dois e apenas um.
Sem pudor, sem frescura.
E com um frescor que adentra, janela adentro.
Lá fora, mesmo quente, as gotículas da garoa
Fazem com que a gente se refresque.
E sue o prazer dos anjos e demônios.
Posso dedilhar suas costas, depois do sexo.
Mas, enquanto me invade, cravo minhas unhas em sua pele.
Os feromônios fazem de nós animais no cio.
Arrepio à medida em que me enlaça a cintura,
Buscando em meu colo o aconchego para suas angústias.
Perde a noção do tempo.
Perdemos a noção do espaço.
Faço o que me pede.
Faz o que eu exijo.
Numa madrugada que se arrasta
Até às cinco da manhã,
Quando a realidade da vida cotidiana chama
Para aquilo que chamamos de trabalho...
Ôh! Coisa chata essa interrupção de gostosuras...